As infecções do trato urinário (ITU) encontram-se entre as doenças infecciosas mais frequentes no mundo, sendo causadas, na maioria das vezes, pela bactéria E.coli. Ao longo dos anos, a resistência a antimicrobianos passou a ser um problema em relação ao tratamento e cura dessas e outras infecções. O objetivo deste trabalho é analisar o padrão de resistência bacteriana a antimicrobianos em ambiente comunitário e hospitalar. A população de estudo é formada por 332 observações obtidas a partir de uroculturas com isolamento de E.coli com contagem ≥ 105 UFC/mL e informações do prontuário de pacientes. Os antibiogramas foram realizados nos laboratórios de bacteriologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) e no Hospital Maternidade Municipal do Rio de Janeiro (HMMRJ), de maio a novembro de 2010. A análise estatística utilizada destaca o fenômeno do excesso de zeros. A proposta do modelo probabilístico em questão é analisar a associação entre o número de antimicrobianos aos quais as bactérias foram resistentes (desfecho) e variáveis explicativas clínico-demográficas. Os resultados encontrados apontam para a importância, principalmente, do uso de antimicrobianos e internação prévia como fatores de risco para resistência a antimicrobianos. No contexto da pressão seletiva, este é o primeiro estudo a analisar dados envolvendo número de resistência a antimicrobianos utilizando uma distribuição de Poisson inflada de zeros. Por fim, este estudo ilustra a importância compreensão dessas relações como forma de contribuir para a disseminação de informações relevantes que podem auxiliar no direcionamento de esforços de prevenção e gerenciamento dos impactos das mudanças causadas pelo abuso de antimicrobianos