“Cesárea? Não, Obrigada!”: estratégias de uma rede social de gestantes para enfrentar o sistema das cesáreas por conveniência médica no Brasil

Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro to obtain the academic title of Mestre. Leader: Heilborn, Maria Luiza

O Brasil é na atualidade o país com a maior taxa de cesáreas no mundo. Contudo, nem todas as mulheres desejam submeter-se a esse procedimento, que pode trazer lesões e repercussões indesejáveis para seus corpos. Esta dissertação baseia-se em uma netnografia de um grupo virtual de discussão sobre parto humanizado denominado “Cesárea? Não, obrigada!”, presente na rede social Facebook. O referido grupo abriga um número expressivo de participantes que buscam o parto normal; entre elas, há as que migram da atenção privada via planos de saúde para o SUS no momento de parir em busca de maior autonomia e respeito por suas escolhas. Muheres de diferentes segmentos sociais escrevem no Facebook com o intuito de narrar suas trajetórias e o itinerário do parto que obtiveram para informar outras gestantes sobre como lidar com a autoridade médica e as razões alegadas por obstetras para levá-las a cesáreas indesejadas. São doze relatos diferentes analisados nesta pesquisa, com a autorização expressa de suas autoras. Observa-se um movimento de ajuda entre mulheres via divulgação de artigos científicos, vídeos de parto e protocolos de atendimento. Trata-se de transmissão de informação para que as usuárias da comunidade consigam desenvolver esquemas para alcançar seu objetivo: parto normal com bebê saudável e cesárea apenas se for necessária. Foi realizado o acompanhamento diário do grupo pelo período de 60 dias, uma análise a partir das narrativas de partos tornadas públicas na rede, com ênfase nas práticas descritas e nos valores que informam a experiência de parir por via vaginal. O estudo foi estruturado em três etapas. Na primeira, realizou-se a observação participante no grupo virtual. Na segunda, foi empreendido mapeamento da comunidade. A terceira etapa constitui-se na análise das narrativas de parto no SUS, na qual se buscou examinar as categorias que emergem nas histórias de parto e como elas se articulam para a defesa de um ponto de vista específico de contraponto ao modelo tecnocrata hegemônico de nascimento

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