O objetivo do estudo foi discutir o papel da formação profissional em saúde durante o processo de expansão da Estratégia de Saúde da Família no município do Rio de Janeiro, refletindo especificamente sobre o papel das Residências em Saúde neste processo de ensino em serviço sob a ótica do usuário do SUS. Especificamente, buscou-se analisar a contribuição dos modelos de Residência em Saúde para a qualificação dos profissionais inseridos na rede de Atenção Primária em Saúde, considerando a recente expansão da Estratégia de Saúde da Família no município, assim como discutir a formação em saúde, no modelo de Residência em Saúde, a partir das perspectivas de usuários atendidos por equipes com e sem profissionais residentes em um serviço de saúde da cidade. O estudo foi realizado em uma Unidade de Saúde da zona norte do município, a qual possui o modelo de Residência em saúde com a presença dos núcleos de enfermagem e medicina no serviço. Foram realizadas 12 entrevistas semi-estruturadas com pacientes acompanhados por equipes com e sem o processo de Residência instituído, sendo realizada posteriormente a análise de conteúdo temática das falas registradas. Diante das entrevistas, foram verificadas nas falas dos usuários a falta de clareza e compreensão acerca do trabalho desempenhado pelas equipes da Estratégia de Saúde da Família e dos diferentes núcleos profissionais inseridos nestas, podendo ser ainda constatada a presença da lógica hegemônica e fragmentada, biologicista, relacionando a qualidade do cuidado à presença de tecnologias ou prescrições, ou à necessidade de acompanhamento por meio dos diferentes especialistas. Os usuários acompanhados por equipes com residentes relatam melhor escuta, acolhimento e coordenação do cuidado integral, em comparação à equipe sem profissionais em processo de formação. Nesse sentido, acredita-se que o modelo de ensino em serviço proposto pelas Residências em Saúde seja uma importante estratégia na qualificação de profissionais para conquista do perfil adequado para atuação no SUS, porém ainda apresenta muitas limitações, em especial no que tange à atuação multiprofissional, interdisciplinar e conectada ao controle social. Por isso, é importante a implementação de práticas dialógicas e usuário-centradas, a fim de reverberar em práticas de cuidado eficazes e humanizadas, valorizando a percepção dos usuários acerca dos serviços na legitimação de seus direitos