Autonomia profissional do enfermeiro e suas representações sociais elaboradas por estudantes de universidades públicas federais do Rio de Janeiro: contribuições ao ensino superior em enfermagem

Santos, Érick Igor dos

A busca por maior grau de autonomia profissional tem se constituído como um desafio para diversas profissões no âmbito da saúde, sobretudo para a enfermagem em suas injunções históricas e conjuntura política atual. Definiu-se como objeto de estudo a autonomia profissional do enfermeiro e suas representações sociais para acadêmicos do curso de graduação em enfermagem. Como objetivo geral buscou-se comparar as representações sociais da autonomia profissional do enfermeiro para graduandos em enfermagem de primeiro e de último períodos.

Foram estabelecidos como objetivos específicos:

a) descrever a estrutura e os conteúdos da representação social da autonomia profissional do enfermeiro para estudantes de primeiro e de último períodos do curso de graduação em enfermagem; b) comparar os conteúdos e a organização interna (estrutura) das representações sociais sobre autonomia profissional nos distintos grupos de estudantes; c) caracterizar o processo de constituição dos conceitos sobre autonomia profissional do enfermeiro ao longo do curso de graduação; d) analisar as influências do processo de formação do enfermeiro e das perspectivas pessoais e profissionais dos futuros profissionais na construção das representações sociais da autonomia profissional. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, pautada nos pressupostos teórico-metodológicos da Teoria das Representações Sociais em suas abordagens estrutural e processual. Os participantes, estudantes de primeiro e último período de graduação das três universidades federais localizadas na Região Metropolitana do estado do Rio de Janeiro, foram abordados por meio da técnica de evocações livres, por questionário sociodemográfico e por entrevista semiestruturada em profundidade. Foram respeitados os aspectos éticos da pesquisa que envolve seres humanos previstos na Resolução do Conselho Nacional de Saúde número 466/12. Assim, esta pesquisa foi submetida e aprovada nos Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal Fluminense e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Os dados foram analisados por meio da Técnica de Quatro Casas operacionalizada pelo software Ensemble des programmes permettant l’ analyse dês evocations (EVOC 2005), análise de similitude e análise de conteúdo temática instrumentalizada pelo software NVivo 11, esta última no caso das entrevistas. Como resultados, respeitadas as especificidades de cada subgrupo, a maioria dos participantes se identificou como do sexo feminino, de 18 a 26 anos, de baixa renda pessoal, com renda familiar mensal de 1 a 6 salários mínimos, sem formação técnica anterior, sem familiar na profissão de enfermagem, já tendo sido atendida por enfermeiros e possuidora de acesso a informações sobre enfermagem fora da universidade. Identificou-se que a representação social da autonomia profissional do enfermeiro elaborada por estudantes de primeiro período trata-se de uma representação não-autônoma, fortemente afetiva e que incorpora mais elementos do senso comum, enquanto que aquela elaborada por estudantes de último período, além de ser autônoma, reúne mais elementos do universo reificado e é mais racional/cognitiva. Conclui-se urgir a necessidade reflexões sobre as práticas docentes, assistenciais, de pesquisa, de ensino e de extensão relacionadas à enfermagem e sua autonomia, para que haja efetiva transformação da profissão rumo a uma enfermagem valorizada e cada vez mais profissionalmente autônoma.

The search for the greater degree of professional autonomy has been constituted as a challenge for various professions in the health sector, especially for nursing in their injunctions historical and current political situation. The object of this study is defined as professional autonomy of nurses and their social outcomes for students of the undergraduate course in nursing. As a general objective it sought to compare the social representations of the professional autonomy of nurses for first and last period graduate students in Nursing.

The following were established as specific objectives:

a) to describe the structure and content of social representation of professional autonomy of nurses for first and last period students of the undergraduate nursing course; b) to compare the contents and the internal organization (structure) of social representations on professional autonomy in different groups of students; c) to characterize the training process of concepts on professional autonomy of nurses over the course of graduate studies; d) to analyze the influences of the nurse training process and personal and professional perspectives of future professionals in the construction of social representations of professional autonomy. This is a qualitative, descriptive and exploratory study based on theoretical-methodological assumptions of the Social Representations Theory in its structural approaches and procedures. The participants, students of the first and last graduation periods of the three federal universities located in the metropolitan area of the state of Rio de Janeiro, were addressed by the free evocation technique by sociodemographic questionnaire and in-depth semi-structured interview. The ethical aspects of research involving human subjects set out in Resolution of the National Health Council number 466/12 were respected. Thus, this study was submitted to and approved the Research Ethics Committee at the Fluminense Federal University, and the Rio de Janeiro State University. Data were analyzed using the Four House Technique of operationalized by the software Ensemble des programmes permettant l’ analyse dês evocations (EVOC 2005), similarity analysis and content analysis software instrumentalized by NVivo 11, the latter in the case of the interviews. As a result, respecting the specificities of each subgroup, the majority of participants identified herself as female, aged 18 to 26 years, low personal income, with monthly family income of 1 to 6 times the minimum wage, without technical training, without family in the nursing profession, having already been cared by nurses and with access to information on nursing care outside the university. It was identified that the social representation of professional autonomy of nurses prepared by students of the first period is a representation, which is; non-autonomous, highly affective and incorporates more elements of common sense, while the one drawn up by students of the last period, in addition to being autonomous, brings together more elements of the reified universe and is the most rational/cognitive. It is concluded urging the need reflections on teaching practices, care, research, teaching and extension related to nursing and their autonomy, for an effective transformation of the profession towards a valued and increasingly professionally autonomous nursing.

La búsqueda por un mayor grado de autonomía profesional se ha constituido como un desafío para diversas profesiones en el ámbito de la salud, sobre todo para la enfermería en sus mandatos históricos y su coyuntura política actual. Se definió como objeto de estudio la autonomía profesional del enfermero y sus representaciones sociales a académicos de la carrera de enfermería. Como objetivo general, se buscó comparar las representaciones sociales de la autonomía profesional del enfermero a los estudiantes de enfermería de primer y último año.

Se establecieron como objetivos específicos:

a) describir la estructura y los contenidos de la representación social de la autonomía profesional del enfermero a estudiantes de primer y último año de la carrera de enfermería; b) comparar los contenidos y la organización interna (estructura) de las representaciones sociales sobre autonomía profesional en los distintos grupos de estudiantes; c) caracterizar el proceso de constitución de los conceptos sobre autonomía profesional del enfermero a lo largo de la carrera; d) analizar las influencias del proceso de formación del enfermero y de las perspectivas personales y profesionales de los futuros profesionales, en la construcción de las representaciones sociales de la autonomía profesional. Se trató de una investigación cualitativa, descriptiva y exploratoria, pautada en las hipótesis teórica-metodológicas de la Teoría de las Representaciones Sociales en su abordaje estructural y de procedimiento. Se abordaron a los participantes, estudiantes de primer y último año de la carrera de las tres universidades federales, ubicadas en la Región Metropolitana del estado de Rio de Janeiro, por medio de la técnica de evocaciones libres, por encuesta socio-demográfica y por entrevista semi-estructurada en profundidad. Se respetaron los aspectos éticos de la investigación que involucra a seres humanos, previstos en la Resolución del Consejo Nacional de la Salud, n° 466/12. De este modo, esta investigación fue presentada a los Comités de Ética en Investigación con Seres Humanos de la Universidad Federal Fluminense y de la Universidad del Estado de Rio de Janeiro y aprobada por las mismas. Se analizaron los datos por medio de la Técnica de Quatro Casas operativizada por el software Ensemble des programmes permettant l’ analyse dês evocations (EVOC 2005), análisis de similitud y análisis de contenido temático, instrumentalizada por el software NVivo 11, este último en el caso de las entrevistas. Como resultado, luego de respetarse las especificidades de cada subgrupo, la mayoría de los participantes era del sexo femenino, de 18 a 26 años, de baja renta individual, con renta familiar mensual de 1 a 6 salarios mínimos, sin formación técnica anterior, sin familiar en profesión de enfermería, ya habiendo sido atendida por enfermeros y con acceso a informaciones sobre enfermería fuera de la universidad. Se identificó que la representación social de la autonomía profesional del enfermero, elaborada por estudiantes de primer año, se trata de una representación no autónoma, fuertemente afectiva e incorpora más elementos del sentido común, mientras que aquella elaborada por estudiantes del último año, además de ser autónoma, reúne más elementos del universo cosificado y es más racional/cognitiva. Se concluyó que existe una gran necesidad de reflexionar sobre la práctica docente, asistencial, de investigación, de enseñanza y de extensión, relacionada con la enfermería y su autonomía, para que haya una eficaz transformación de la profesión, rumbo a una enfermería valorada y cada vez más profesionalmente autónoma.