Redes sociais na regulação da assistência à saúde em um município de pequeno porte do Rio de Janeiro

Publication year: 2017
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro to obtain the academic title of Mestre. Leader: David, Helena Maria Scherlowski Leal

Este estudo tem como objeto as redes sociais de trabalhadores em saúde para o acesso aos serviços de atenção especializada.

Objetivos:

conhecer as relações sociais dos trabalhadores em saúde da atenção básica para a regulação da assistência à saúde na perspectiva da rede social; identificar o papel dos atores na rede social; descrever a importância dos atores para a efetivação do acesso aos serviços de saúde. Estudo descritivo com abordagem quantiqualitativa, tendo como cenário quatro unidades de atenção básica, setor controle e avaliação, Tratamento Fora de Domicílio (TFD) e coordenadoria de atenção básica. Participaram do estudo 12 trabalhadores, sendo quatro enfermeiros, três agentes comunitários de saúde, um médico, um coordenador da atenção básica, dois do TFD e um do controle e avaliação. Para a coleta dos dados, optou-se pela entrevista semiestruturada, mediante um roteiro. Os dados foram coletados em dezembro de 2015 e janeiro de 2016. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa conforme parecer 728.664. Os dados foram analisados através da Análise de Redes Sociais (ARS), que permite gerar as medidas de centralidades dos atores e a construção do sociograma. Para isto, foram utilizados os softwares Ucinet e Gephi, para cálculo das medidas e criação do sociograma, respectivamente. Para o segmento qualitativo, utilizou-se Análise de Conteúdo.

Resultados:

os atores com maior centralidade de grau são: controle e avaliação, coordenador da atenção básica e coordenador do TFD. Estes também são centrais em relação à intermediação; no entanto, o enfermeiro aparece como central em relação à intermediação, o que corrobora seu papel de intermediador e articulador. Através da análise das entrevistas, quatro categorias emergiram: encaminhamento para a atenção especializada; relacionamento com a equipe; redes primárias e acesso e contatos socioprofissionais. As interações sociais entre os atores favorecem a circulação de informação por toda rede e afeta, positivamente, nas respostas dos serviços de saúde ofertados à população. Os participantes apontaram que os encaminhamentos para a atenção especializada dentro do município são feitos pelo próprio usuário, o qual agenda sua consulta no centro de especialidades, exceção feita aos idosos, gestantes e crianças, cujas marcações ficam a cargo da própria unidade; fora do município, o usuário leva os documentos para a secretaria de saúde e o TFD faz as marcações; quando o sistema de regulação se mostra insuficiente, e diante de alguma situação adversa, os profissionais lançam mão dos contatos com seus pares para garantir o acesso a seus usuários. Conclui-se que as redes sociais são mobilizadas para garantir o acesso dos usuários aos serviços quando as vias formais forem insuficientes. A forma com que a rede se articula e como ocorrem as relações sociais e entre equipes refletem na qualidade do serviço prestado e, consequentemente, na continuidade ou não do cuidado. Assim, garante-se um cuidado de qualidade e resoluto e em concordância com os princípios que regem o Sistema Único de Saúde.
This paper studied health workers use of social networks for accessing specialized care services.

Objectives:

to understand the social relations of health workers in primary care for the regulation of health care from the perspective of social networks; identify the role of the actors in the social networks; describe the importance of the actors to the implementation of access to health services. Descriptive study with quantitative and qualitative approaches, using as its basis four primary health care units; sector control and evaluation, Out of Home Treatment (OHT), and the administration of primary care. There were 12 participants in the study; four nurses, three community health workers, a doctor, a primary care coordinator, two OHT specialists, and a representative from control and evaluation. To collect data, scripted semi-structured interviews were opted for. The data were collected in December 2015 and January 2016. The study was approved by the Research Ethics Committee according to Section 728.664. Data were analyzed through Social Network Analysis (SNA), to generate measures of the centrality of actors and the creation of a sociogram. For this, we used the software Ucinet and Gephi, respectively, for calculating the measures and the creation of the sociogram. Content analysis was used for the qualitative segment.

Results:

the actors with a greater degree of centrality are: control and evaluation, the primary care coordinator and the OHT specialists. These are also central in relation to intermediation; however, the nurse also appears as central in relation to intermediation, which confirms their role as mediator and articulator. Through analysis of the interviews, four categories emerged: referral to specialized care; team relationships; primary networks and access to social and professional contacts. Social interactions between the actors promote the flow of information throughout the network and affect, positively, the responses of health services offered to the population. Participants pointed out that the referrals for specialized care within the municipality are made by the patient himself, who schedules an appointment in the specialty center, with exceptions made for the elderly, pregnant women and children, whose appointments are made by the unit itself; outside the municipality, the user takes any necessary documents to the health department, where the OHT schedules the appointment; when the regulatory system is inadequate, and before any adverse situation arises, these professionals make use of contacts with their peers to ensure access for patients. It is concluded that social networks are mobilized to ensure users' access to services when formal channels are insufficient. The way in which the network is structured and how social relations occur between teams reflects on the quality of the service provided and, consequently, on the continuity, or not, of care. This guarantees unwavering quality care, consistent with the principles governing the National Health System.

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