Pinos de fibra de vidro têm ganhado popularidade devido o módulo de elasticidade próximo ao da dentina, estética e adesão. Contudo, a degradação do sistema adesivo e cimento apresenta-se como uma desvantagem do conjunto pino-cimento-dentina. Assim, a técnica alcoólica foi desenvolvida com a finalidade de minimizar a degradação e aumentar a durabilidade de união. Este estudo in vitro teve como objetivo avaliar as propriedades físicas de dois cimentos resinosos e respectiva área de união entre pino e dentina radicular tratada de acordo com dois protocolos de cimentação. Foram utilizados dentes incisivos bovinos. As coroas foram seccionadas na junção cemento-esmalte e as raízes receberam tratamento endodôntico e preparo do conduto. Previamente à cimentação dos pinos de fibra de vidro, as raízes foram divididas aleatoriamente de acordo com o tratamento de superfície radicular: técnica convencional e técnica alcoólica simplificada.

Foram empregados dois tipos de cimentos resinosos na fixação do pino:

RelyXTM ARC/ Scotchbond Multi-Purpose Plus (3M ESPE) e RelyXTM U200 (3M ESPE). Após a cimentação, as raízes foram armazenadas em 100% de umidade à temperatura ambiente por sete dias para o escaneamento por meio de microtomografia computadorizada (micro CT) ou por 24 horas e 1 ano para o teste de push-out e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Para análise do micro CT, foi usado o programa NRecon para gerar imagens de reconstrução e o programa CTan para a análise tridimensional das mesmas quanto à porcentagem de porosidades na linha de cimentação. A contração pós-gel (%) dos cimentos foi mensurada empregando-se a técnica de extensometria. Para o ensaio do teste de push-out, as raízes foram seccionados e foram obtidos dois espécimes em cada terço radicular. O ensaio usou célula de carga de 5000 N e velocidade de 0,5 mm/min. Os espécimes foram examinados em estereoscópio para identificação do modo de fratura. Imagens foram obtidas por MEV para a avaliação da linha de cimentação. O efeito dos fatores em estudo e sua interação sobre porcentagem de porosidades na linha de cimentação foi verificado por ANOVA e teste post-hoc de Tukey (p≤0,05). A contração pós-gel dos cimentos foi avaliada pelo teste t de student. Enquanto a resistência de união foi analisada pelos testes de Kruskal-Wallis e MannWhitney (p≤0.05). Quando avaliado a porosidade na linha da cimentação a técnica alcoólica com cimento resinoso RelyXTM U200 apresentou os menores valores de porosidade na linha de cimentação para os terços cervical e apical. A contração pós gel apresentou valores mais altos para o cimento resinoso RelyXTM ARC. Os valores de resistência de união imediata não diferiram entre os grupos e terços radiculares. Porém, foi afetada negativamente após 12 meses de armazenamento. Apesar do efeito negativo, a técnica alcoólica simplificada associada ao cimento resino RelyXTM U200 apresentou melhor valor de resistência de união quando comparado ao protocolo convencional desse cimento resinoso. Concluiu-se que, o cimento resino RelyXTM U200 com a técnica alcoólica simplificada apresentou a menor porcentagem de porosidade nos terços cervical e apical e que o cimento resinoso RelyXTM U200 apresentou o menor grau de contração de polimerização pós-gel.(AU)