Práticas de cuidado e desafios do autocateterismo intermitente limpo: as vozes dos escolares

Publication year: 2015
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro to obtain the academic title of Mestre. Leader: Pacheco, Sandra Teixeira de Araújo

As crianças portadoras de disfunções miccionais, sendo de ordem neurológica (bexiga neurogênica) ou funcionais, necessitam de cuidados especiais para evitar a deterioração do sistema urinário inferior e insuficiência renal. Na maioria dos casos de bexiga neurogênica, indica-se, o cateterismo intermitente limpo. Também indicado para as disfunções não neurogênicas quando não se consegue bons resultados com outros tratamentos. São crianças com necessidades especiais de saúde (CRIANES), com mudanças na sua vida cotidiana e necessidade de cuidados especiais. O enfermeiro necessita interagir com as mesmas, de forma que, na fase escolar, possam juntos, planejar e administrar o autocuidado, necessários para facilitar o processo de viver saudável.

Objeto de estudo:

o autocateterismo intermitente limpo realizado pelo escolar portador de disfunção miccional.

Objetivos:

descrever as práticas de cuidados concernentes ao autocateterismo intermitente limpo realizado pelo escolar portador de disfunção miccional e analisar os desafios para a realização dessa prática de cuidado por esse escolar nos diversos espaços de socialização.

Metodologia:

estudo de natureza qualitativa, desenvolvido sob o método criativo sensível, através das dinâmicas de criatividade e sensibilidade Corpo Saber e Mapa Falante. Os participantes da pesquisa foram sete crianças portadoras de disfunção miccional, com idade entre 9-11 anos. O cenário de estudo foi um ambulatório de pediatria, situado em um hospital de ensino e pesquisa no estado do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados no período entre fevereiro e março de 2015, e foram analisados a partir da análise de discurso em sua corrente francesa, sendo interpretados à luz do autocuidado de acordo com o conceito de Orem, a Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Erik Erikson e da educação em saúde com as concepções freirianas para a educação.

Resultados:

através da análise da prática de cuidados desses escolares, evidenciamos a preocupação com a higienização das mãos, da região íntima e do óstio de Mitrofanoff e, cuidados com o esvaziamento completo da bexiga. Quanto aos desafios, foram evidenciados a necessidade do uso de dispositivos para a visualização do meato urinário, dificuldades para a visualização do meato uretral feminino no período matutino, no posicionamento para a realização do autocateterismo, a presença de desconfortos com a sondagem uretral, a irregularidade na frequência do autocateterismo, as dificuldades para brincar em função da realização do autocateterismo, a (in) dependência no autocateterismo e o (des)velamento do autocateterismo nos diversos espaços de socialização.

Conclusão:

Revelou-se uma consciência ingênua na prática de cuidados, assim como fatores ambientais interferindo no autocuidado e riscos de infecção do trato urinário. Os diversos desafios enfrentados pelos escolares, na realização do autocateterismo, apontam para a necessidade de aproximação com estes de forma dinâmica e criativa, facilitando a exposição de suas dúvidas, medos e anseios, e para a promoção da conscientização crítica e a socialização dos saberes, capacitando-os para o autocuidado. Também na divulgação junto aos órgãos competentes, para a adequação social, com vistas à inclusão destas CRIANES nos diversos espaços de socialização.
Children suffering from voiding dysfunction, which stems from a neurological (neurogenic bladder) or a functional disorder, need special care to prevent deterioration of the lower urinary tract and kidney failure. In most cases of neurogenic bladder it is indicated clean intermittent catheterization. Also suitable for non-neurogenic dysfunction when you don`t get good results with other treatments. These are children with special health care needs(CSHCN), with changes in their daily lives. The nurse needs to interact with them, so that, at school age, they can together plan and manage the self-care necessary to facilitate the process of healthy living.

Subject:

clean intermittent catheterization performed by the children that suffers from voiding dysfunction.

Objectives:

To describe the practices from care concerning the clean intermittent catheterization performed by the children that suffers from voiding dysfunction and analyze the challenges for the realization of this practice by that children in the various spaces of socialization.

Methodology:

qualitative study developed under the sensitive creative method, through the dynamics of creativity and sensitivity “Corpo Saber e Mapa Falante”. The survey participants were seven children with voiding dysfunction, aged 9-11 years.The study setting was an outpatient pediatric clinic located in a teaching hospital in the state of Rio de Janeiro. Data were collected between February and March 2015 and were analyzed from the speech analysis in its French stream being interpreted in the lightof the self-care according to the Orem concept, the Psychosocial Development Theory of Erik Erikson and of health education with Freirian concepts for education.

Results:

by analyzing the practice of these children we noted the concern on hands, genitals and the Mitrofanoff ostium hygienization, and, the complete evacuation of the bladder.Regarding the challenges, were highlighted the necessity of devices for visualizing the urinary meatus, difficulties in the visualization of the feminine urethral meatus in the morning, the position to perform the catheterization, the discomfort with the urethral probe, the irregularity in the frequency of catheterization, the difficulties to play due the realization of catheterization, the (in)dependence on autocatheterism and the (un)veiling of autocatheterism in various spaces of socialization.

Conclusion:

It was revealed an ingenuous consciousness in the practice of cares, as well as environmental factors interfering in the self-care and risk of urinary tract infection.The various challenges faced by the children in performing the catheterization point to the necessity of closer ties in a dynamic and creative way, facilitating the exposure of their doubts, fears and desires, to promote critical awareness and the socialization of knowledge, enabling them for self-care. Also, in the disclosure with the competent organs, to social adaptation, aiming to incorporate such CSHCN in various spaces of socialization.

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