Influência da experiência odontológica na infância e do conhecimento em saúde bucal no medo odontológico na idade adulta

Publication year: 2016
Theses and dissertations in Inglés presented to the Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Odontologia to obtain the academic title of Doutor. Leader: Serra-Negra, Júnia Maria Cheib

Os objetivos deste estudo foram verificar a associação entre o relato de experiência odontológica negativa na infância e o alto medo odontológico entre universitários da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Brasil e avaliar a influência do conhecimento em saúde bucal no medo odontológico entre universitários de odontologia, após cinco anos de curso. Este estudo será apresentado em formato de dois artigos científicos. O primeiro apresenta um estudo caso-controle aninhado a um estudo transversal, cujos participantes eram universitários de odontologia, psicologia e matemática. O segundo artigo descreve um estudo longitudinal de cinco anos, realizado entre universitários de odontologia. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFMG (COEP/UFMG) protocolo (# 0201.0.203.000-10). Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram o Dental Fear Survey (DFS) e um questionário autorrelatado sobre experiência odontológica. A variável dependente em ambos os artigos foi o medo odontológico. No primeiro artigo, os universitários foram alocados em dois grupos: alto medo e baixo medo odontológico, pareados por gênero, curso de graduação e condição sociodemográfica (1 caso: 4 controles). O grupo caso incluiu universitários com alto medo (n=65) e o grupo controle incluiu aqueles com baixo medo (n=260), definidos pela análise de cluster. O segundo artigo incluiu 48 universitários de odontologia da UFMG que responderam os mesmos instrumentos quando iniciaram o curso, em 2010 e no final do curso, em 2015. No primeiro artigo a análise estatística incluiu análise descritiva, bivariada e regressão logística multivariada condicional com nível de significância de 5%. No segundo artigo foram utilizados os testes de Wilcoxon e Qui-quadrado de McNemar com nível de significância de 5%. O estudo caso-controle demonstrou que os estudantes com maior chance de apresentar alto medo odontológico relataram experiência odontológica negativa na infância (OR= 2,97; 95% IC: 1,44 - 6,14), experiência de dor de dente nos últimos 12 meses (OR=11,31; 95% IC: 4,79 - 26,68), incômodo durante o tratamento odontológico (OR=5,36; 95% IC: 2,53 - 11,36) e autoavaliação da saúde bucal ruim (OR=3,62; 95% IC: 1,61-8,11). Os resultados do estudo longitudinal mostraram que houve redução de visitas/ano ao dentista dos estudantes de odontologia, ao finalizarem o curso (p=0,012).

As médias dos escores totais do DFS foram semelhantes nas duas ocasiões:

no início do curso (31,7 ± 9,3) e no final do curso de odontologia (29,6 ± 6,6) (p=0,318). Universitários no final do curso de odontologia apresentaram menores escores médios em relação ao fator estrutural do DFS “medo de situações e estímulos específicos do tratamento dentário” (12,3 ± 3,5) do que quando iniciaram o curso (14,0 ± 5,4) (p=0,042). Concluiu-se que experiências odontológicas negativas na infância influenciaram o alto medo odontológico entre os universitários, mesmo na presença de outros fatores. O percurso curricular no curso de odontologia diminuiu o medo de estímulos específicos do tratamento odontológico, mas não contribuiu para a redução dos níveis de medo odontológico de maneira geral. As faculdades de odontologia devem enfatizar temas do comportamento humano para a compreensão do medo odontológico
The objectives of the present study were to investigate the association between negative dental experience in childhood and high dental fear among undergraduates of the Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Brazil, and to evaluate the effect of oral health education on dental fear among dental students after five years of university study. The study is divided into two manuscripts. The first manuscript describes a case-control study, nested to a cross-sectional study, whose participants were dentistry, psychology and mathematics undergraduate students. The second manuscript describes a 5-year longitudinal study of dental students. The present study was approved by the Human Research Ethics Committee of UFMG (COEP / UFMG) under protocol number # 0201.0.203.000-10. The instruments used for data collection were the Dental Fear Survey (DFS) and a self-reported questionnaire about previous dental experiences. The outcome variable for both manuscripts was dental fear. In the first manuscript, the students were allocated into two dental fear groups, and matched for gender, undergraduate course and sociodemographic condition (1 case group: 4 controls). The case group included students with high fear (n = 65) and the control group included those with low fear (n = 260), as defined by cluster analysis. The second manuscript included 48 dental students who responded to the same instruments at the beginning of the course in 2010 and at the end of the course in 2015. Statistical analysis of the case-control study included descriptive analysis, bivariate and multivariate conditional logistic regression with a 5% significance level. The Wilcoxon test and the Chi-square McNemar’s test with a 5% significance level were used in the longitudinal study. The case-control study showed that students with a greater chance of presenting high dental fear reported a negative dental experience in childhood (OR = 2.97; 95% CI: 1.44 - 6.14), having experienced toothache the last 12 months (OR = 11.31; 95% CI: 4.79 - 26.68), discomfort during dental treatment (OR = 5.36; 95% CI: 2.53 - 11.36) and poor oral health self-assessmet (OR = 3.62; 95% CI: 1.61- 8.11). The longitudinal study found that there was a reduction in visits to the dentist per year among dental students by the end of the course (p = 0.012). The mean total DFS scores were similar at both the beginning of the course (31.7 ± 9.3) and the end of the course (29.6 ± 6.6) (p = 0.318). At the end of the course dental students had lower mean scores for the DFS structural factor of "fear of specific situations and dental treatment stimuli" (12.3 ± 3.5) than when they started the course (14.0 ± 5 4) (p = 0.042). It was concluded that negative dental experiences in childhood influence high dental fear among undergraduates, even in the presence of other factors. The curricular pathway in dentistry course decreased fear of specific dental treatment stimuli, but did not contribute to the reduction of general dental fear levels. Dental schools should emphasize the study of human behavior to the understanding of dental fear

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