Introdução:

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e seus fatores de risco, além de estarem associadas ao maior risco cardiovascular em mulheres em idade reprodutiva, também implicam em maior probabilidade de desfechos maternos e neonatais adversos. Estudos internacionais têm demonstrado altas prevalências e tendências crescentes das DCNT e seus fatores de risco naquela população. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar a evolução temporal da prevalência de sobrepeso, obesidade, diabetes e hipertensão, na população de mulheres brasileiras em idade reprodutiva, entre 2008 e 2015.

Métodos:

Trata-se de estudo de série temporal, de base populacional, que utilizou dados do Sistema de Vigilância e Monitoramento dos Fatores de Risco e Proteção por Inquérito Telefônico (Vigitel), de mulheres brasileiras com faixa etária de 18 a 49 anos, que responderam ao inquérito no período de 2008 a 2015. Estimou-se a prevalência de sobrepeso, obesidade, diabetes e hipertensão em cada ano para a população de estudo, levando em consideração as características sociodemográficas (faixa etária, escolaridade, região de moradia, cor da pele e estado civil). Para a análise de tendência, utilizou-se o modelo de regressão linear generalizado de Prais-Winsten e o cálculo das taxas de variação anual.

Resultados:

Observou-se tendência crescente da prevalência de sobrepeso e obesidade em todas as categorias de faixa etária, escolaridade, cor, estado civil e região, exceto para a prevalência de sobrepeso nas mulheres de 30 a 39 anos (p = 0,053), de cor preta (p = 0,558) e que moravam na região Sul (0,075). As mulheres estudadas apresentaram o maior aumento (5,8%) na prevalência de sobrepeso quando comparadas com a população brasileira (3,5%), sendo que as de 18 a 29 anos também apresentaram maior incremento (9,4%) na prevalência deste agravo quando comparadas com as de 40 a 49 anos (3,3%). As prevalências de diabetes (p = 0,087) e hipertensão (p = 0,307) apresentaram tendência estacionária. No entanto, foi observado tendência crescente da prevalência de diabetes para as mulheres de 40 a 49 anos (p = 0,001), que viviam sem companheiro (p = 0,023), com 12 ou mais anos de estudo (p = 0,007) e que residiam nas regiões Norte (p = 0,014) e Centro-Oeste (p = 0,018).

Conclusão:

Destaca-se a prevalência crescente e alarmante nas prevalências de sobrepeso e obesidade, que são um dos principais fatores de risco para as DCNT. Além disso, houve maior incremento da prevalência de sobrepeso para as mulheres mais jovens, o que aumenta a probabilidade destas mulheres experimentarem complicações da gravidez associadas à obesidade, diabetes e hipertensão.(AU)