Perspectiva sem ponto de fuga: a figura do refugiado e a saúde global como dispositivo da biopolítica na contemporaneidade
Perspective without vanishing point the refugee figure and global health as a dispositif of biopolitics in contemporary times

Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Saúde Ambiental to obtain the academic title of Doutor. Leader: Vasconcellos, Maria da Penha Costa

Este estudo tem como objetivo principal rever a categoria Refugiado para poder refletir sobre a Saúde Global como dispositivo da biopolítica moderna. O estudo espera contribuir nessa construção oferecendo uma reflexão crítica a partir da visão agambiana de dispositivo e de uma política que vem. Trata-se de avaliar se a Saúde Global, em seus anseios de governança da saúde planetária, não pode ser tomada bem mais como um dispositivo de captura da vida nua, categoria central no pensamento de Giorgio Agamben. A vida nua é justamente o Refugiado. Daí a importância da análise dessa categoria.

Propomos assim uma hipótese funcional de trabalho:

perceber a Saúde Global, a partir de sua própria definição, como um campo de tensões e de dissensos necessários para a construção de uma nova política, uma vez que as análises da figura do Refugiado mostraram o colapso do Estado-nação e da categoria de direitos humanos.

A construção dessa pesquisa está ancorada sobre três elementos centrais:

1º a ideia de refugiado e de hospitalidade: o ser que se é, é ser localizado territorialmente, ser-no-mundo, onde o mundo de relações estabelecidas permite/favorece/permeia/forma a identidade do sujeito. A desterritorialização é o próprio desterro do sujeito, um desarvorar que clama por novas possibilidades de fincar raízes, as quais só são possíveis através de outros movimentos, ou seja, através do con-solo ou da devolução do solo. Encontramo-nos aqui no limiar da perda de identidade e da necessidade de criar condições de reconquista por meio do abrigar, do refugiar, do acolher, do com-partilhar. Essa dimensão mais originária do ser humano ou da sua condição metafísica essencial, na prática, serviu de fio condutor ou de fundamento para a construção de estatutos jurídicos do Refúgio e da Hospitalidade A crise se instala quando todo este aparato parece perder significado e sentido; 2º as novas formas de dizer-se/olhar-se/compartilhar-se no mundo globalizado.

Utilizamos os verbos no reflexivo pela seguinte razão:

mais do que dizer algo a alguém as novas tecnologias parecem pautadas na necessidade de transmissão de identidade. Ser-no-mundo é ser-na-linguagem. Os relatos de fuga dos refugiados feitos por eles mesmos com seus smartphones são um dizer sobre si, um dizer sobre a situação, uma denúncia do que está acontecendo; 3º as rupturas abordadas são uma questão de Saúde Global. O elo que une cada um desses elementos é a reflexão crítica do filósofo Giorgio Agamben em sua pesquisa sobre o Homo Sacer
The main objective of this research is to think over the Refugee category in order to be able to ponder about the Global Health as a modern biopolictical tool. The research aims to contribute in such construction offering a critical reflection from the Agamben's view of dispositif and from an incoming politics. It is about evaluating whether the Global Health, in its governance anticipation of the universal health, could be taken much more as a bare life catcher tool, category centered in the Giorgio Agamben philosophy. The bare life is precisely the Refugee. Thus the importance of analyzing this category.

Therefore we propose a work functional hypothesis:

to perceive the Global Health, starting from its own definition, as a tension field and as necessary dissensions to construct a new politics, since the analysis of the Refugee picture indicated a collapse of the Nation-State and of the Human Rights category.

The construction of this research is anchored on three main elements:

(1) the idea of refugee and of hospitality: the being that is, the being located territorially, being-in-the-world, in which the network and relationship established allows/favors/permeates/forms the subject's identity. The deterritorialization is the subject's own banishment, a disenbowelment that calls for new possibilities to establish roots, which are only possible through other movements, which means through the 'con-soil/console' or the soil's return. We find ourselves on the threshold of identity's loss and of the need to create conditions of regaining by sheltering, welcoming, sharing. This dimension mostly originated from the human being or from its essential metaphysical condition, in practice, served as a guiding thread or as a foundation for the Refugees and Hospitality law's construction. The crisis sets when all this apparatus seems to lose its meaning and reasoning; (2) the new ways of saying/looking/sharing yourself in the globalized world.

The reflexive tense was used for the following reason:

rather than saying something to someone, new technologies seem to be ruled by the need of identity transmission. Beingin- the-world is being-in-the-language. The escaping reports from the refugees made by themselves with their smartphones are a saying about themselves, a saying about the situation, an accusation about what is happening; (3) and finally, the addressed ruptures are a Global Health matter. The bond which connects each of these elements is the critical reflection of the philosopher Giorgio Agamben in his research about the Homo Sacer

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