Epidemiologia da hanseníase na Paraíba e sua relação com a cobertura da atenção primária à saúde e condições socioeconômicas

Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Enfermagem to obtain the academic title of Doutor. Leader: Lana, Francisco Carlos Félix

A hanseníase é uma doença curável, de elevada transcendência devido às incapacidades físicas oriundas do problema não tratado. Permanece como problema de saúde pública em vários países. Determinada socialmente, ultrapassa as barreiras biológicas, sendo fundamental compreender sua ocorrência nos diferentes contextos. O objetivo deste estudo é analisar a epidemiologia da hanseníase e sua relação com a cobertura da Atenção Primária à Saúde e as condições socioeconômicas na Paraíba, no período de 2001 a 2016. Estudo ecológico misto de múltiplos grupos e de séries temporais que tem os municípios como unidade de análise. Utilizaram-se dados de hanseníase do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Foi realizada análise de tendência por regressão linear generalizada pelo método de Prais-Winsten dos indicadores: taxa de detecção anual de casos novos de hanseníase na população geral e em menores de 15 anos; taxa e proporção de casos diagnosticados com grau 2 de incapacidade física. Analisou-se a distribuição espacial do risco para o adoecimento de hanseníase, por meio de um índice composto de indicadores epidemiológicos que classificou os municípios em alto, médio, baixo e muito baixo risco. Verificou-se a relação da cobertura da Atenção Primária à Saúde e do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal com os indicadores epidemiológicos da hanseníase pela regressão de Poisson com inflação de zeros. Foram analisados 12.134 casos novos de hanseníase. Observou-se na Paraíba tendência decrescente para a taxa de detecção geral (-4,8%), em menores de 15 anos (-6,7%) e estacionária para a taxa (-2,1%) e proporção (2,7%) de casos diagnosticados com grau 2 de incapacidade física. Ressalta-se que a tendência desses indicadores é heterogênea entre as macrorregiões de saúde do estado, apenas a quarta macrorregião apresenta redução na magnitude da endemia. A distribuição espacial é dessemelhante no território paraibano, apresenta clusters de alto risco nas regiões leste e oeste do estado. O aumento da cobertura da Estratégia de Saúde da Família contribuiu significativamente para incremento na taxa de detecção na população geral, mas não apresentou relação com a detecção em menores de 15 anos e taxa de grau 2 de incapacidade física. A melhora do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal contribuiu para aumento de casos da doença na população geral e redução em menores de 15 anos. A hanseníase apresenta-se em declínio na Paraíba, contudo evidencia-se que diagnósticos ocorrem tardiamente e a transmissão permanece ativa. Embora tenha ocorrido aumento na cobertura dos serviços de saúde e dos Índices de Desenvolvimento Humano Municipal, e isso tenha influenciado na melhoria dos indicadores epidemiológicos da hanseníase, persistem situações de pobreza e desigualdades municipais e estas contribuem para permanência da hanseníase. Reforça-se a importância de investimentos nas ações de saúde e políticas inclusivas, com vistas a minimizar as iniquidades existentes e consequentemente controlar a endemia.(AU)
Resumo em língua estrangeira Leprosy is a curable disease of high significance, given to physical disabilities from the untreated problem. It remains a public health problem in several countries. Socially determined, it overcomes the biological barriers, being fundamental to understand its occurrence in different contexts. The aim of this study is to assess the epidemiology of leprosy and its relationship with the coverage of Primary Health Care and socio-economic conditions in the State of Paraiba, in the period from 2001 to 2016. This mixed ecological study of multiple groups and time series has the municipalities as unit of analysis. Leprosy data were used and of the System of Information of Reportable Diseases.

Trend analysis was performed by generalized linear regression by the Prais Winsten indicators:

annual detection rate of new cases of leprosy in the general population and in children under 15; rate and proportion of cases diagnosed with grade 2 physical disability. We analyzed the spatial distribution of risk for illness by leprosy, through an index formed by epidemiological indicators that ranked the municipalities in high, medium, low, and very low risk. It was found that the ratio of the coverage of Primary Health Care and Municipal Human Development Index with the leprosy epidemiological indicators for Poisson regression with zeros inflation. There were analyzed 12,134 new cases of leprosy. It was observed in Paraiba downward trend for overall detection rate (-4.8%), in children under 15 (-6.7%) and stationary for rate (-2.1%) and proportion (2.7%) of cases diagnosed with grade 2 of physical disability. It should be noted that the trend of these indicators is heterogeneous among the macro-regions of health in the State, only the fourth macro-region presents reduced magnitude of endemy. The spatial distribution is different in the State of Paraiba territory; it presents high-risk clusters in the Eastern and Western regions of the State with time reduction in the Western region. The increase in the coverage of the Family Health Strategy has contributed significantly to increase the detection rate in the general population, but did not show relationship with the detection in children under 15 and grade rate 2 of disability. The improvement of the Municipal Human Development Index contributed to increased cases of the disease in the general population and reduction in children under 15. Leprosy presents itself in decline in Paraiba; however, it is evidenced that diagnoses occur late and the transmission remains active. Although there has been an increase in the coverage of health services and Municipal Human Development Indexes, and this has influenced the improvement of leprosy epidemiological indicators, poverty and municipal inequalities persist, and these contribute to permanence of leprosy. It reinforces the importance of investments in health actions and inclusion policies, in order to minimize existing inequalities and consequently to control the endemy.(AU)

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