As representações sociais da espiritualidade para pessoas que vivem com HIV/Aids

Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro to obtain the academic title of Mestre. Leader: Gomes, Antonio Marcos Tosoli

O presente estudo tem como objetivo analisar as representações sociais da espiritualidade para pessoas que vivem com HIV/Aids de diferentes grupos religiosos. Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, orientado pela Teoria das Representações Sociais em sua abordagem processual e estrutural e foi desenvolvido em duas fases: a primeira incluiu 166 pessoas que vivem com HIV/Aids em atendimento ambulatorial de um Hospital Universitário do Município do Rio de Janeiro, com as quais foram coletadas evocações livres ao termo indutor espiritualidade, e a segunda, 32 pessoas com o mesmo perfil e no mesmo hospital, sendo que, neste momento foram realizadas entrevistas semi-estruturadas a partir de um roteiro temático com quatro eixos organizadores. A análise dos dados utilizou o quadro de quatro casas com o apoio do software EVOC 2005 e a análise de similitude para os dados oriundos das evocações livres e a análise lexical pelo software IRAMUTEQ para aqueles das entrevistas. Com relação à estrutura da representação, destaca-se que o Núcleo Central foi composto por ter-fé, Deus e religião, que se organizam ao redor das dimensões prática, imagética e institucional. Na primeira periferia, destaca-se a presença de elementos relativos às dimensões afetivas como amor e paz ligados ao transcendente. A zona de contraste revela a existência de elementos que expressam um caráter de enfrentamento como força, vida, tudo, crença e a figura imagética de Jesus. A partir da análise de similitude foi possível perceber uma maior tendência à centralidade ter-fé, Deus e amor, sendo que este último estava na primeira periferia do quadro de quatro casas. No que tange à análise lexical, foram definidas cinco classes: As definições de espiritualidade e suas influências no cotidiano da vivência e do enfrentamento da síndrome; A família, o trabalho e os relacionamentos afetivo-sexuais: as diferentes formas da rede social de apoio; Da morte à cronicidade: a aids vista a partir das memórias sociais; O enfrentamento de situações limites, o processo de autocuidado e sua relação com a espiritualidade; E o antirretroviral e a cotidianidade da pessoa que vive com HIV/Aids: aspectos positivos, desafios diários e dimensões da religiosidade. Destaca-se a organização da representação social da espiritualidade se deu ao redor de duas dimensões, a conceitual e a prática. A conceitual possui como eixo central a relação com o Divino, que, para católicos, evangélicos e sem religião, é centrado na figura de Deus, enquanto para os espíritas, no conjunto de seres que compõem o mundo espiritual. Na dimensão prática, a espiritualidade possui relação com aumento da autoestima e menor isolamento entre os católicos, maior sensação de bem-estar e paz entre os evangélicos, maior aceitação da síndrome e menor sofrimento entre os espíritas e maior isolamento entre os sem-religião, dentre outros aspectos. Conclui-se que há influência da espiritualidade no enfrentamento da síndrome e na vivência cotidiana com a aids, gerando, dentre outras coisas, uma ressignificação da vida em busca da superação do medo, do estigma, do preconceito e da própria morte.
This study aims to analyze the social representations of spirituality for people living with HIV/AIDS from different religious groups. It is a qualitative, descriptive and exploratory study, oriented by the theory of social representations in its procedural and structural approach.

This investigation was developed in two phases:

the first one included 166 people who living with HIV/AIDS in outpatient care in a University Hospital of the City of Rio de Janeiro, with whom were collected free evocations to the inductor term spirituality, and the second phase included 32 people with the same profile and in the same hospital, but it was collected a semi-structured interview from a script with four thematic axes. The analysis of the data from free evocations used the board of four houses with the support of EVOC 2005 software and the similitude analysis. For the interviews, the lexical analysis was performed with support of software IRAMUTEQ. Considering the structure of representation, it is worth to highlighting that the central core is composed of faith, God and religion, which are organized around the practical, imaginary and institutional dimensions. In the first periphery, the presence of elements related to affective dimensions such as love and peace are linked to the transcendent. The contrast zone reveals the existence of elements that express a character of coping related to force, life, everything, belief and the image of Jesus. Concerning the analysis of similitude, it was possible to perceive a greater tendency to the centrality of faith, God and love, being the latter in the first periphery of the frame of four houses. With regard to lexical analysis, five classes were defined: The definitions of spirituality and its influences in the everyday life of the experience and confrontation of the syndrome; Family, work and affective-sexual relationships: the different forms of the social support network; From death to chronicity: AIDS seen from social memories; The confrontation of limiting situations, the process of self-care and its relation with spirituality; and the antiretroviral and daily life of people living with HIV/AIDS: positive aspects, daily challenges and dimensions of religiosity. It is noted that the organization of the social representation of spirituality was centered around two dimensions, conceptual and practical. The conceptual has a central axis in the relationship with the Divine, that, for Catholics, Evangelicals and people without religion, is centered in the God’s figure, while for the Spiritists, is centered in the set of beings that composes the spiritual world. In the practical dimension, spirituality is related to an increase in self-esteem and less isolation among Catholics, greater sense of well-being and peace between Evangelicals, a greater acceptance of the syndrome and less suffering among Spiritists, and higher isolation among people without religion, beyond other aspects. In conclusion, there are influence from spirituality in the confrontation of syndrome and in the daily life with AIDS, generating resignification of life in search of overcoming the fear, the stigma, the prejudice ant the death itself.

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