Escolhendo descuidar da própria vida apesar de ter consciência da exposição ao HIV/AIDS
Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro to obtain the academic title of Mestre. Leader: Silva, Carla Marins
A epidemia de aids se apresenta de maneira dinâmica e multifatorial, e sua prevalência se dá além das questões biológicas ou características virais. A exposição de mulheres ao HIV inclui questões de comportamento sexual, condições de vida, gênero, idade entre outros. Assim, este estudo tem como objeto os significados atribuídos por mulheres à exposição ao HIV/AIDS a partir do processo de interação social.
Os objetivos foram:
identificar os significados atribuídos por mulheres à exposição ao HIV/AIDS, e analisar o processo de interação social dessas mulheres com a exposição ao HIV/AIDS, a partir dos significados por elas atribuídos. Trata-se de pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. O cenário do estudo foram espaços públicos de grande circulação como praias, praças públicas e ruas, no município do Rio de Janeiro. Tal escolha buscou não restringir a abordagem das mulheres e nem direcionar suas respostas pela diversidade e rotatividade. Os participantes do estudo foram 13 mulheres, que estavam circulando por esses lugares, com idades entre 22 e 64 anos, que formaram quatro grupos amostrais. A coleta de dados foi realizada e gravada através de uma entrevista semiestruturada, após aprovação do CEP/UERJ 1.747.076. A análise dos dados seguiu os pressupostos do Interacionismo Simbólico e da Grounded Theory. Os dados foram organizados e analisados em 3 categorias, as quais mostraram que, através do ensino formal, mídias, estudos científicos, orientações profissionais ou de pessoas próximas e memórias do passado, as mulheres atribuem significados à exposição ao HIV/AIDS. Esta exposição significa não se proteger e não ser protegida pelo outro no sentido de desleixo, irresponsabilidade e imprudência. Entrando na situação e definindo a situação para si, as mulheres sabem o que deve ser feito para não se expor. Consideram fundamental o uso do preservativo, o uso de equipamentos de proteção individual no exercício laboral e adoção de comportamentos não desviantes. Assim, determina sua linha de ação e age abertamente não usando preservativo e reconhecendo sua exposição ao HIV/AIDS, considerando os outros mais expostos. Identificou-se como categoria central: “Escolhendo descuidar da própria vida apesar de ter consciência da exposição ao HIV/AIDS”, que nos permitiu inferir que, independente de a mulher ter conhecimento sobre os modos de contaminação e de exposição ao HIV/AIDS, do seu nível de escolaridade, sua idade, tipo de relacionamento, e atividade exercida, ela decide não se proteger. Conclui-se que existe uma lacuna entre o que ela sabe e o que ela faz, ou seja, ela sabe que é necessário se proteger da exposição ao vírus, mas decide descuidar da própria saúde em favor do parceiro. Para isso, busca amenizar essa exposição através de medidas minimizadoras não eficazes que são influenciadas pelo contexto ideológico. Nesse aspecto, os profissionais devem buscar apreender a percepção dessas mulheres, a fim de contribuir para a mudança de sua linha de ação numa perspectiva de promoção da saúde. Dessa forma, deve haver estímulo para autonomia e empoderamento das mulheres, com intuito de auxiliar no processo de mudanças e fornecer subsídios para o processo decisório quanto aos seus envolvimentos sexuais e à sua saúde.
The AIDS epidemic presents itself in a dynamic and multifactorial way, and its prevalence occurs beyond biological issues or viral characteristics. Women’s exposure to HIV includes issues of sexual behavior, living conditions, gender, age, among others. Thus, this study has as object the meanings attributed by women to their exposure to HIV/AIDS from their process of social interaction.