Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Enfermagem to obtain the academic title of Doutor. Leader: Malta, Deborah Carvalho
Objetivo:
Analisar a prevalência e tendência da hipertensão arterial e fatores de risco associados a doença cardíaca em adultos brasileiros, segundo inquéritos populacionais. Métodos:
Trata-se de um estudo de delineamento transversal e de série temporal com uso de dados secundários, provenientes da Pesquisa Nacional de Saúde e do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, realizada nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Descreveu-se a prevalência da hipertensão arterial, segundo diferentes critérios diagnósticos, bem como sua tendência temporal, entre os anos de 2006 e 2017, e apresentou-as segundo o sexo, idade, escolaridade, região, urbano, rural e por capitais. Analisou-se, ainda, a associação da doença cardiovascular com fatores de risco (sociodemográficos, condições de saúde e estilos de vida). Foram estimadas as prevalências e intervalos de 95% de confiança de hipertensão arterial e empregada a regressão linear simples na avaliação da série temporal. Para avaliar os possíveis fatores associados à ocorrência da doença cardiovascular utilizou-se o modelo de regressão logística e estimou-se as prevalências e os valores de odds ratio, com intervalo de 95% de confiança. Resultados:
A hipertensão arterial atingiu mais de um quinto da população brasileira, aumentou com a idade, foi mais frequente em região urbana e nas regiões Sudeste e Sul, em relação à média do país e às demais regiões. Ao se comparar os diferentes critérios segundo o sexo, as mulheres apresentaram maiores prevalências nos critérios de hipertensão arterial autorreferida, hipertensão arterial medida ou o uso de medicamentos e, os homens, no critério hipertensão medida por instrumento. A tendência da prevalência da hipertensão se manteve estável para o total das capitais, em ambos os sexos e em suas regiões geográficas entre 2006 e 2017. Tendência ascendente de hipertensão arterial foi significativa para os indivíduos com baixa escolaridade. Esse comportamento se manteve em todas as regiões do país para os adultos com 0 a 8 anos e 9 a 11 anos de estudo. Entre os homens, a série temporal demonstrou aumento significativo nas prevalências de hipertensão nas capitais Manaus e Natal, e, entre as mulheres, em Belém e Salvador. Em João Pessoa e Macapá, essa tendência foi descrescente para o sexo feminino. As regiões Sudeste e Centro-oeste apresentaram tendência de diminuição da hipertensão na faixa etária de 55 a 64 anos e de 18 a 24 anos, respectivamente. Em 8
relação à doença cardíaca, sua prevalência atingiu 4,2% (IC95% 4,0-4,3) da população brasileira adulta, associados às seguintes variáveis: sexo feminino (OR:1,1; IC95% 1,1-1,1); aumento da idade, os indivíduos com 65 anos e mais (OR=4,7; IC95% 3,3-5,6); avaliação do estado de saúde ruim/muito ruim (OR=4,1; IC95% 3,5-4,6), e regular (OR=2,4; IC95% 2,2-2,7); indivíduos com hipertensão arterial (OR=2,4; IC95% 2,2-2,7) e colesterol elevado (OR=1,6; IC95% 1,5-1,8); obesidade (OR=2,0; IC95 1,7-2,2) e sobrepeso (OR=1,5; IC95 1,42-1,8); insuficientemente ativo nos quatro domínios (OR=1,5; IC95% 1,02-2,1); ser ex-fumantes (OR=1,4; IC95% 1,3-1,6) ou fumante (OR=1,2; IC95% 1,03-1,3) e consumir frutas e hortaliças cinco ou mais dias da semana (OR=1,5; IC95%1,02-2,1). Conclusão:
A hipertensão arterial atingiu mais de um quinto da população brasileira adulta. A tendência da sua prevalência na ultima década se manteve estável para o total das capitais, em ambos os sexos e em suas regiões geográficas. No entanto, apresentou-se ascendente para os indivíduos com baixa escolaridade. A doença cardíaca atingiu cerca de 5% da população e está intimamente associada a idade, a avaliação do estado de saúde ruim/muito ruim/regular, ao estilo de vida inadequado e à presença de hipertensão. Os achados da presente pesquisa reforçaram a informação de que as doenças crônicas acometem, principalmente, os segmentos socialmente mais vulneráveis e sua contenção na população requer a elaboração de políticas públicas mais equânimes e que produzam impacto positivo na diminuição das iniquidades em saúde.(AU)
Objective:
Analyze the prevalence of and tendency to hypertension as well as risk factors associated to heart diseases in an adult Brazilian population according to populational inquiries. Methods:
This is a transversal an temporal series study using secondary data acquired from the National Research of Health and Systems of Vigilance for Risk Factors and Chronic Diseases Protection via Phone Inquiry, performed in all 26 Brazilian States and Brasília DC. It has been described the prevalence of hypertension accordingly to varied diagnostics criteria as well as the timely tendency of the disease from the years 2006 to 2017, and presented accordingly to gender, age, scholarity, region, urbanity and capital or interior. Furthermore, it was also analyzed the cardiovascular disease with risk and protection factors such as sociodemographics, health conditions and lifestyle. Prevalence and confidence levels were estimated at 95% confidence interval for hypertension and applied the logistics regression model of analysis and evaluated prevalence and odd ratio also with 95% confidence interval. Results:
Data showed that more than 20% of the Brazilian population suffered from hypertension, which directly correlated with age and urbanity and was more frequent in South and Southeast regions. Also, it was more prevalent in women in the criteria of self-referred hypertension, assessed hypertension or use of medicaments, and more prevalent in men in the criteria of evaluation by instrument. The trend of hypertension prevalence remained stable for total capitals in both sexes and in their geographical regions between 2006 and 2017. Upward trend in hypertension was significant for individuals with low schooling. This behavior was maintained in all regions of the country for adults aged 0 to 8 years and 9 to 11 years of schooling. For men, the temporal series showed significant increase in hypertension prevalence in the capitals Manaus and Natal, whereas this tendency was increased for women in the capitals Belém and Salvador and decreased in the capitals João Pessoa and Macapá. Southeast and West regions showed a tendency to a lower hypertension in ages 55 to 64 as well as 18 to 24, respectively. In relation to heart disease, it affected 4,2% (IC95% 4,0-4,3) of Brazilian adult population overall, associated with the following variables: female (OR:1,1; IC95% 1,1-1,1); age, (OR=4,7; IC95% 3,3-5,6); poor or very poor health conditions (OR=4,1; IC95% 3,5-4,6), and regular health condition (OR=2,4; IC95% 2,0-2,7); high blood pressure (OR=2,4; IC95% 2,2-2,7), increased cholesterol (OR=1,6; IC95% 1,5-1,8); obesity 10
(OR=2,0; IC95 1,7-2,2) e overweight (OR=1,5; IC95 1,42-1,8); sedentary (OR=1,5; IC95%1,02-2,1); former tobacco addiction (OR=1,4; IC95% 1,3-1,6) or current tobacco addiction (OR=1,2; IC95% 1,03-1,3) and fruits and vegetables consumption on 5 or more days each week (OR=1,5; IC95%1,02-2,1). We found tha some variables could be considered protective, such as mixed race (OR=0,8; IC95% 0,7-0,8) or black (OR=0,8; IC95% 0,6-0,8) self-identification. Conclusion:
Hypertension reached more than one fifth of the Brazilian adult population. The trend of its prevalence in the last decade has remained stable for all capitals, in both sexes and in their geographical regions. However, it presented an upward trend for individuals with low schooling. Heart disease has reached about 5% of the population and is closely associated with age, poor / fair / poor health status, inadequate lifestyle, and the presence of hypertension. The findings of the present study reinforced the information that chronic diseases mainly affect the socially more vulnerable segments and their containment in the population requires the elaboration of public policies that are more equitable and that have a positive impact on the reduction of health inequities.(AU)