Puérperas com história de uso de cocaína e crack: percepção da assistência recebida na gestação e no puerpério

Publication year: 2018

O consumo de substâncias psicoativas entre gestantes configura uma realidade na saúde pública em números crescentes, de forma que as práticas em saúde devem se voltar ao acolhimento dessas usuárias pelos serviços de saúde em seu contexto psicossocial, promovendo a redução de danos, a suspensão temporária ou a abstinência. Assim, o local do estudo foi uma maternidade de alto risco localizada na zona norte de São Paulo com o objetivo de identificar a percepção de 16 puérperas que declararam o uso de cocaína/crack à respeito da assistência recebida nas instituições de saúde durante a gestação e o puerpério. O método utilizado foi um estudo do tipo misto. Foi utilizado um questionário de caracterização das participantes, um Teste de Triagem do Envolvimento com Álcool, Cigarro e Outras Substâncias (ASSIST) e uma entrevista semiestruturada. Os dados quantitativos foram submetidos à análise de frequência simples no PSPP e os qualitativos à análise de conteúdo (Bardin). Segundo o ASSIST, 62,50% foram classificadas com um uso significativo de cocaína/crack entre o abuso e a dependência. Das 16 participantes, 75% realizaram o acompanhamento Pré-Natal. As participantes que suspenderam o consumo de cocaína/crack na gestação tiveram uma média de 6,2 consultas de Pré-Natal, enquanto as que reduziram obtiveram uma média de 2,4 consultas.

Foram levantadas duas categorias principais de análise:

“Centralidade no bebê” e “Hospital Maternidade como oportunidade de ajuda”. A centralidade no bebê esteve presente tanto na assistência pré-natal quanto no puerpério. No pré-natal, a abordagem quanto ao uso foi feita de forma pontual; já no atendimento hospitalar destacou-se a importância de uma abordagem livre de julgamentos e articulada com demais serviços de saúde. Levantou-se a necessidade de se pensar em práticas mais integradas e longitudinais frente ao binômio mãe-bebê nos casos de uso de cocaína/crack, assim como de uma capacitação adequada aos profissionais de saúde.(AU)

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