Alterações bucais em crianças e adolescentes transplantados renais

Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Odontologia to obtain the academic title of Mestre. Leader: Gallottini, Maria Helena Cury

Crianças e adolescentes transplantados renais (TR) necessitarão de cuidado odontológico rotineiro ou exibirão alterações bucais relacionadas tanto com algumas das doenças de base, como relacionadas com o transplante e tratamento imunossupressor. O objetivo deste estudo foi conhecer a saúde bucal e identificar as alterações bucais de crianças e adolescentes TR, buscando possíveis relações com a doença de base que levou ao TR, o tempo de transplante e com o esquema imunossupressor adotado. Foi realizada anamnese e exame clínico para avaliar a experiência de cárie (índice CPOD/ceo-d), defeitos de esmalte (índice DDE modificado), condição periodontal (índice IPC modificado) e presença de alterações em tecidos moles. Trata-se de um estudo observacional transversal realizado no período de agosto de 2017 a junho de 2018 em receptores de TR entre 2 a 17 anos de idade acompanhadas no Hospital do Rim em São Paulo, Brasil. Foram incluídos 120 participantes, dos quais 63 (52,5%) eram do sexo masculino e com média de idade de 12,78 ± 3,9 anos. As causas mais comuns de falência renal foram de causa desconhecida 28 (23,3%) e válvula de uretra posterior (VUP) 14 (11,7%). Sangramento gengival foi observado em 115 (95,8%) participantes, cálculo dentário em 69 (57,5%), experiência de cárie em 51 (42,5%), defeitos de esmalte em 49 (40,8%), hiperplasia gengival medicamentosa (HGM) em 20 (16,7%), xerostomia em 15 (12,5%) e lesões de tecidos moles em 5 (4,2%), dentre elas úlceras, língua geográfica e verruga bucal. A maioria dos participantes da pesquisa (55%) necessitava de algum tratamento odontológico. O uso de amlodipina e anticonvulsivantes esteve associado à presença de HGM, enquanto que o tratamento com o imunossupressor everolimus esteve associado à presença de ulceração (p<0,05). Concluímos que a doença periodontal e a doença cárie foram as mais frequentes, levando a significativa necessidade de tratamento odontológico na população estudada. Grande parte das alterações bucais observadas foram relacionadas à doença de base (insuficiência renal), em especial os defeitos de esmalte. As infecções oportunistas bucais foram raras e o tratamento medicamentoso esteve associado à presença de ulceração (uso de everolimus) e à presença de HGM (uso de amlodipina e de anticonvulsivantes).

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