O paradigma do diagnóstico precoce na prevenção das doenças crônicas
The earliest diagnosis paradigm in the prevention of chronic diseases

Publication year: 2016
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social to obtain the academic title of Doutor. Leader: Faerstein, Eduardo

O objetivo desta tese é identificar e discutir suficiências e insuficiências da estratégia preventiva conhecida como rastreamento – a busca sistemática por casos em uma subpopulação assintomática e de alto risco. E de fazê-lo à luz dos novos conhecimentos e tecnologias trazidos com o século XXI, das necessidades de uma população mais velha, mais urbana e submetida a diferentes estressores, da realidade atual dos sistemas de saúde (mais especificamente do nosso Sistema Único de Saúde) e da disponibilidade finita de recursos para o seu financiamento. O grupo de doenças investigado foi o das Doenças Crônicas Não Transmissíveis – em especial a doença cardiovascular aterosclerótica e o câncer de mama. A tese foi escrita como um ensaio acadêmico a partir de revisão narrativa. A literatura médica tem modificado os limites que definem importantes doenças relacionadas à aterosclerose, com grande impacto no cálculo de suas prevalências. A diminuição dos limites que definem hipercolesterolemia, em relação ao colesterol sérico total, de 240 para 200 mg/dl, somou mais 42.647.000 pessoas ao grupo de doentes (+86%). O diagnostico e o tratamento deste grupo populacional são chamados de overdiagnosis e overtreatment – ou sobrediagnóstico e sobretratamento. O uso de equações preditivas pode estar superestimando os riscos cardiovasculares em mais de 150%. Essa estratégia pode ter pouco impacto na redução da carga populacional de doença em fase clínica e pode levar à sobreutilização dos serviços de saúde e, consequente, diminuição de sua eficiência. O sobrediagnóstico do câncer de mama em uma população rastreada é de cerca de 11 a 19%. Estima-se ser necessário rastrear 400 mulheres com idade entre 50 e 70 anos, com mamografias bianuais, durante mais de 30 anos, para se evitar 1 morte. Para cada morte por câncer de mama evitada, cerca de 3 casos de sobrediagnóstico serão identificados e tratados. Com o surgimento de novos recursos terapêuticos, nos últimos 40 anos a sobrevida em cinco anos do câncer de mama vem aumentando, chegando a 85% nos países desenvolvidos, e a 60% nos países em desenvolvimento. Esse ganho tira eficiência da estratégia de rastreamento. A assimilação de novas tecnologias diagnósticas ao processo ainda não encontra respaldo na literatura

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