A presente tese tem como objetivo geral avaliar o papel de fatores psicossociais na atividade física e no sedentarismo de adolescentes. Para alcançar este objetivo foram desenvolvidos dois manuscritos, utilizando dados do Estudo Longitudinal de Avaliação Nutricional de Adolescentes - ELANA, conduzido em quatro escolas privadas e duas escolas públicas localizadas na região metropolitana do Rio de Janeiro. A presente tese refere-se à coorte de 810 estudantes do ensino fundamental que participaram da linha de base do estudo, em 2010, do seguimento, em 2012. O primeiro manuscrito avaliou o papel do bem-estar psicológico, no desenvolvimento e na persistência da inatividade física moderada e vigorosa (AFMV) e no tempo excessivamente gasto em frente à tela, após dois anos de seguimento. Meninas com pior estado psicológico na linha de base apresentaram maior risco de gastarem tempo excessivo com atividades sedentárias em frente à tela, tais como ver TV, jogar videogame e usar computadores, dois anos depois. Também entre as meninas, o estado psicológico influenciou a prática de AFMV; aquelas com pior estado psicológico apresentavam um maior risco de inatividade física após dois anos de seguimento. No segundo manuscrito foi investigado, por meio de modelos de equação estrutural, a estabilidade e a direção das associações entre provocações sobre o corpo e um conjunto de comportamentos e estado relacionados à saúde (AFMV, tempo gasto por dia com televisão (TV), videogame e computador (VG), índice de massa corporal (IMC)), durante a adolescência, estratificado por gênero. A bidirecionalidade destas associações foi constatada entre os meninos. Aqueles mais provocados na linha de base despendiam mais tempo com VG, dois anos depois. Adicionalmente, meninos acima do peso na linha de base pareciam ser mais provocados em relação ao seu corpo no seguimento. Entre as meninas, não foi constatada bidirecionalidade para esta associação; observou-se apenas que aquelas que sofriam mais provocações prévias gastavam mais tempo de VG, dois anos depois. Conclui-se que os fatores psicossociais tiveram influência nos comportamentos/estado de saúde investigados de maneira distinta para meninos e meninas. O tempo gasto com atividades sedentárias em frente à tela e a AFMV tiveram influencia do bem-estar psicológico entre as meninas. A bidirecionalidade da relação entre provocações sobre o corpo e comportamento/estado de saúde foi observada entre meninos, e entre as meninas somente a direção causal de provocações na linha de base afetando o tempo de VG no seguimento foi constatada. A melhor compreensão dos determinantes que afetam comportamentos e estados relacionados à saúde e de como tais comportamentos/estado de saúde se associam com provocações sobre o corpo, pode subsidiar ações de saúde pública e a atuação de gestores da área de educação com vistas à promoção de um ambiente escolar mais saudável, e auxiliar na prevenção e controle de situações que favoreçam um pior estado psicológico, inatividade física, sedentarismo e sobrepeso/obesidade dos adolescentes