Análise da capacidade funcional de uma coorte brasileira de pacientes com artrite reumatoide
Functional capacity analysis in a Brazilian cohort of rheumatoid arthritis patients

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social to obtain the academic title of Mestre. Leader: Coutinho, Evandro da Silva Freire

A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica com prevalência mundial estimada entre 0,5 e 1%, caracterizada por dor, edema e rigidez matinal nas articulações. A doença não controlada leva à destruição articular progressiva, causando perda da qualidade de vida e da capacidade funcional. A manutenção da capacidade envolve estar apto a realizar atividades básicas do cotidiano, envolvendo higiene pessoal, carregar objetos, vestir-se, alimentar-se e locomover-se. Limitações ou impossibilidade de realizar estas atividades implica em alguma incapacidade funcional - geralmente mensurada, na artrite reumatoide, por um dos componentes do Questionário de Avaliação de Saúde. Esta dissertação teve como objetivo geral analisar a variação da capacidade funcional medida pelo Questionário de Avaliação de Saúde – Índice de Incapacidade em pacientes com artrite reumatoide acompanhados ambulatorialmente por um ano e propor um modelo preditivo, em função de fatores sociodemográficos e clínicos.

Os objetivos específicos foram:

(i) avaliar quais variáveis, previamente reportadas na literatura, têm impacto sobre a capacidade funcional dos pacientes com artrite reumatoide de uma coorte nacional; (ii) construir um modelo preditivo próprio à realidade brasileira utilizando variáveis de fácil obtenção; e (iii) avaliar se há modificação de efeito pela interação entre atividade de doença e o tempo no estudo. Avaliamos 1111 pacientes com artrite reumatoide atendidos em 11 centros de referência para tratamento de doenças reumáticas vinculados ao Sistema Único de Saúde, com coleta de dados prospectiva. Utilizamos modelos lineares de efeitos mistos para avaliar a variação da capacidade funcional, mensurada pelo Questionário de Avaliação de Saúde – Índice de Incapacidade, nos dados coletados em três momentos ao longo de um ano. Esta análise revelou que, na população avaliada, sexo, status socioeconômico, dor articular, uso prévio de medicamentos imunobiológicos, atividade e tempo de doença estavam associados à variação da capacidade funcional, com capacidade explicativa de 37% de nosso modelo. Ao definir as variáveis a analisar a partir de um referencial teórico estruturado com a revisão de literatura, identificamos que nossos achados apresentaram pontos comuns com estudos realizados na Europa e América do Norte.

Alguns destes achados foram:

pior capacidade funcional em pacientes com mais dor e doença em atividade, em pacientes do sexo feminino e naqueles que tenham feito uso prévio de medicamento imunobiológico. Também foram relevantes as curvas em formato de J relacionadas com mais tempo de doença e pior status socioeconômico. Levantamos algumas hipóteses para os escores de incapacidade encontrados nesta população, como a adaptação dos pacientes às limitações com o avanço do tempo de doença e a percepção de que estas limitações seriam parte do envelhecimento normal. Apesar de construído a partir de uma população com mais de uma década de doença, nosso modelo incluiu variáveis comumente associadas ao componente reversível da incapacidade funcional, como dor e atividade de doença. Neste cenário, o melhor controle da doença traria benefícios aos pacientes, com recuperação de ao menos parte da capacidade funcional
Rheumatoid arthritis is an inflammatory chronic disease with estimated global prevalence of 0.5 – 1%, characterized by morning stiffness, joint pain and swelling. If not controlled, the disease leads to progressive joint destruction, decreasing quality of life and functional capacity. To maintain this capacity involves being able to perform basic daily life activities, such as those related with personal hygiene, to carry objects, to get dressed, to eat and to deambulate. Limitations or to be unable to perform these activities implies in at least some functional disability – usually measured, in rheumatoid arthritis patients, by one of the Health Assessment Questionnaire components. This dissertation’s general aim was to analyze functional capacity variation, measured by the Health Assessment Questionnaire – Disability Index, in a Brazilian cohort of rheumatoid arthritis patients followed at outpatients clinics for a year and to create a predictive model as result of several demographic and clinical features.

The specific aims were:

(i) to evaluate which of the variables that were previously reported in the literature have impact on the functional capacity of RA patients in a Brazilian cohort; (ii) to build a predictive model adjusted to the Brazilian reality with variables of feasible acquisition; and (iii) to evaluate if there is effect modification due to the interaction between disease activity and length of time in the study. We evaluated 1111 rheumatoid arthritis patients followed at 11 reference treatment centers for rheumatic diseases, all pertaining to the Unified Health System – SUS, with prospective data collection. We applied linear mixed effects models to evaluate the variation in functional capacity, measured by Health Assessment Questionnaire – Disability Index, within the data collected at three time points along one year. This analysis revealed that, in the evaluated population, sex, socioeconomic status, joint pain, previous use of immunobiological drugs, disease duration and activity were associated with functional capacity variation, in a model with a 37% explanatory capacity. After defining which database variables to use from a theorical model structured with the literature review, we identified that our findings presented common aspects with studies from Europe and North America.

A few of the findings were:

decrease of functional capacity with pain and disease activity, in female patients and also in those with previously reported immunobiological use. Also relevant were the J-shaped curves related with longer disease duration and worse socioeconomic status. Some hypotheses for the functional capacity scores found were patient adaptability to physical limitations accrued with disease duration and perception that those limitations would be part of a normal ageing process. Though built with data from a population with more than a decade of disease duration, our model included variables commonly associated with the reversible component of functional disability, such as pain and disease activity. In this scenario, tighter control of disease activity would benefit patients and bring the possibility of regaining, at least partially, their functional capacity

More related