Hipereosinofilia na população escolar dum distrito endémico para fibrose endomiocárdica no sul de Moçambique
Hypereosinophilia in the school population in a district endemic for endomyocardial endomyocardial fibrosis in southern Mozambique

Rev. moçamb. ciênc. saúde; 1 (1), 2014
Publication year: 2014

A hipereosinofilia é considerada um factor etiológico na patogénese da fibrose endomiocárdica, uma cardiomiopatia de causa desconhecida com elevada prevalência em Inharrime. Como parte dum estudo de estabelecimento de uma coorte para estudo de incidência de fibrose endomiocárdica nesse distrito, fez-se uma amostra aleatória da população escolar de Inharrime obtida por método de conglomerado a dois níveis. Uma em cada 5 crianças avaliadas por ecografia foi sujeita à colheita de sangue para realização de leucograma com contagem de eosinófilos. Contagens de eosinófilos iguais ou superiores a 1.5 x 109/L foram consideradas hipereosinofilia severa. Duzentas e noventa e seis crianças foram avaliadas ecocardiograficamente. Destas, 71 foram submetidas a exames sanguíneos. Sessenta e cinco tinham ecografia cardíaca normal e 6 apresentavam sinais ecocardiográficos de fibrose endomiocárdica. A contagem média de eosinófilos foi de1.2X109/L (± 0.9). A percentagem média de eosinófilos foi de 14.5% (± 9.0; range 0-44). A percentagem média de eosinófilos desgranulados foi 15.8% (± 14.3; variando de 0 a 52), enquanto a média da percentagem de eosinófilos vacuolizados foi de 7.8% (range 0-45). Não houve diferença significativa na presença de hipereosinofilia severa entre raparigas e rapazes. Os níveis de eosinófilos circulantes nas 6 crianças com fibrose endomiocárdica a 1.5x 109/L (± 0.9) não foram diferentes dos encontrados em crianças sem miocardiopatia da mesma população a 1.1x 109/L(± 0.8); p=0.54. Não houve diferença significativa de idade (p=0.69), da contagem de leucócitos (p=0.99) ou de contagem de eosinofilos (p=0.54) entre participantes com e sem miocardiopatia. Em resumo, a frequência de hipereosinofilia severa na população escolar distrito de Inharrime é elevada tanto em crianças sem cardiomiopatia como naquelas com sinais ecocardiográficos de fibrose endomiocárdica, indicando a necessidade de se investigar as suas causas nesta população infantil.
Hypereosinofilia is considered an etiologic factor in the pathogenesis of endomyocardial fibrosis, a cardiomyopathy of unknown origin highly prevalent in Inharrime. As part of establishment of a cohort for determination of incidence of endomyocardial fibrosis a randomized sample of primary school students was obtained through clustering at two levels.Every fifth child submitted to transthoracic echocardiography had peripheral blood taken for leukogram and eosinophil count. Hypereosinophilia greater than 1.5 x 109/L was considered severe. Two hundred ninety-six children were studied by echocardiography.

Of these 71 had blood taken for exams:

65 had normal heart and 6 had echocardiographic signs of endomyocardial fibrosis.The mean eosinophil count in this population was 1.2X109/L (± 0.9). The mean percentage of eosinophils was 14.5% (± 9.0; range 0-44). The mean percentage of degranulatedeosinophils was 15.8% (± 14.3; range 0-52), while the mean of vacuolizedeosinophils was 7.8% (range 0-45). There was no significant difference in the presence of severe hypereosinophiliabetween boys and girls. The levels of circulating eosinophils of the 6 chilren with endomyocardial fibrosis, at 1.5 x 109/L (± 0.9), did not differ from that foudn in children without cardiomyopathy (1.1 x 109/L (± 0.8); p=0.54). There was no significant difference in age (p=0.69), leucocyte count (p=0.99) or eosinophil count (p=0.54) between participants with and without cardiomyopathy In conclusion, there is high frequency of severe hypereosinophilia in school children from Inharrime district independent of the presence of cardiomyopathy. There is need to investigate the causes of this finding in the population.

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