Introdução:

A crescente carga global de Doenças Não Transmissíveis (DNTs) exige sistemas de vigilância que permitam acompanhar as tendências e avaliar o impacto de intervenções. O objectivo destes estudos foi testar modelos de vigilância hospitalar e comunitária de factores de risco e de DNTs.

Métodos:

O Programa de Determinantes de Doenças Crónicas do Instituto Nacional de Saúde (INS) concebeu dois estudos prospectivos observacionais para i) descrever a demanda de serviços em hospitais de primeira referência nas três regiões de Moçambique e ii) determinar a incidência de factores de risco e doenças cardio-respiratórias em comunidades urbana e rural do Grande Maputo, em áreas adjacentes a unidades sanitárias de referência local.

Resultados:

Os resultados iniciais mostram um duplo fardo de doença infecciosa e crónica, com prevalências elevadas e redução de gradiente urbano-rural na ocorrência de factores de risco para doença crónica. Os estudos revelaram, pela primeira vez, o peso relativo das DNTs na demanda hospitalar e as variações geográficas e sazonais no perfil de demanda hospitalar, sugerindo diferenças regionais importantes. No estudo piloto na comunidade, verificou-se uma redução de gradiente de prevalência de factores de risco para DNTs entre a população urbana e rural.

Conclusões:

Os estudos-piloto de factores de risco e doenças crónicas demonstraram a exequibilidade de vigilância de base hospitalar e comunitária em locais sentinela. Estratégias híbridas ou combinadas (hospital & comunidade) para a vigilância das DNTs deveriam ser consideradas em Moçambique, dada a limitação de recursos para grandes estudos longitudinais de coorte.