Satisfação dos utentes dos centros de saúde da cidade da beira: relatório final de pesquisa

Publication year: 2012

Nos últimos anos, a avaliação da satisfação em relação aos serviços de saúde ganhou grande importância como medida da qualidade na prestação de cuidados de saúde públicos. Com efeito, em contextos modernos e evoluídos as opiniões e preferências dos utentes têm produzido efeitos positivos relativamente à melhoria da qualidade dos serviços de saúde (Dubé, Neill & Caris, 2009; Fontaine, 2007; McIntyre, 2002; Neves, 2002; Grenier & Rocheleau, 2001; Coulter & Cleary, 2001; ANAES, 1996; Grenier 1998; Linder-Pelz & Struening, 1985). No caso de Moçambique, a literatura sobre o campo da saúde reconhece as deficiências internas (de pessoal) desse sector para uma boa prestação de cuidados de saúde aos utentes (Ferrinho, P. et al, 2010). Porém, o Governo moçambicano defende a “participação de cidadãos na formulação, implementação, monitoria e avaliação de planos de desenvolvimento a todos os níveis” (PARP, p. 36), o que mostra o compromisso político de dar às pessoas a possibilidade de opinar para a boa governação da saúde. Os inquéritos de opinião sobre a satisfação dos utentes em relação aos serviços de saúde constituem, na verdade, um dos principais meios pelos quais os estabelecimentos de saúde estudam de maneira contínua a qualidade dos seus serviços. De acordo com Fontaine (2007), a qualidade dos serviços prestados por uma organização revela a maneira de ser da organização, ou seja, os processos adoptados para fornecer um serviço esperado pelo público. Assim, uma questão interessante para se levantar no contexto das organizações moçambicanas é entender se a experiência destas (do ponto de vista dos estabelecimentos de saúde) demonstra, através da avaliação da satisfação dos utentes, um contributo para a manutenção ou melhoria da qualidade dos serviços de saúde oferecidos à população. Este estudo preliminar realizado pela Associação ZUWA, através do apoio do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), sobre a satisfação dos utentes nalgumas unidades sanitárias da cidade da Beira, na perspectiva dos próprios utentes, constitui, então, um instrumento útil, de apoio às entidades de saúde, para produzir reflexões e intervenções sócio-organizacionais, ao nível das políticas e práticas em gestão de recursos humanos. Certos de que a questão da satisfação dos utentes e qualidade dos serviços prestados é complexa, torna-se, interessante entender alguns indicadores de avaliação nalgumas unidades sanitárias, nomeadamente os Centros de Saúde (CS’s), tais como a acessibilidade, admissão de doentes, pessoal, exames e tratamentos, outros serviços prestados (farmácia, serviços social e voluntariado), instalações, sistema de informações (guia de utentes e meios de reclamação/sugestões), imagem, qualidade dos serviços e expectativas sobre a melhoria dos serviços. Os dados apresentados e analisados neste relatório foram obtidos através da aplicação de um inquérito por questionário, sendo definida uma amostra composta por 2740 utentes dos CS’s da cidade da Beira, com idade igual ou superior a 18 anos. Todas as fases do estudo foram implementadas em estreita coordenação com a Direcção Provincial da Saúde de Sofala (DPS), a Direcção de Saúde da Cidade da Beira (DSC) e o IESE. Os CS’s compreendidos nos dez dias de recolha de dados (17 à 28 de Fevereiro de 2012, com excepção de “Domingo”) são sete, nomeadamente CS de Munhava, Nhaconjo, Ponta-Gêa, Chingussura, Mascarenha, Macurungo e Nhangau. Em cada um desses CS’s foram seleccionados de forma aleatória utentes do sexo masculino e feminino. O relatório apresenta uma justificativa sobre o propósito deste estudo de satisfação da qualidade em relação ao sector da saúde, na perspectiva dos utentes, seguindo-se a apresentação dos procedimentos metodológicos e definição da amostra e, por último, a apresentação dos resultados, onde se analisa os indicadores de avaliação supramencionados nos CS’s da cidade da Beira

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