Caracterização dos casos fatais por queimaduras térmicas registados no Serviço de Medicina Legal do Hospital Central  de Maputo, entre 2009 a 2014

JONE, Jorge Manuel Zacarias

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as queimaduras constituem um grande problema de saúde pública no mundo. Só as relacionadas com fogo (chamas), fazem 300 000 mortes por ano e a maior parte delas (95%) ocorre em países de baixa e média renda. Outras queimaduras resultam de líquidos efervescentes, electrocução, químicos e outros. A morte é apenas parte do problema. Para cada pessoa que morre por queimadura, muitas mais sobrevivem com incapacidades e lesões desfigurantes para toda a vida. Apesar das consequências das queimaduras serem causas de doença prolongada e morte prevenívèis, elas ainda não captam a atenção merecida tanto da área médica assim como do público no geral.

Objectivo:

Descrever as queimaduras fatais e explorar as características que possam contribuir para elaboração de políticas de prevenção das queimaduras e controlo e melhorar a gestão clínica do doente queimado.

Métodos:

Realizou-se um estudo do tipo trasnversal rectrospectivo, tendo como fonte de dados o livro de registo e relatórios de autópsias do Serviço de Medicina Legal do Hospital Central de Maputo (SML-HCM) correspondentes aos anos de 2009- 2014. Serão considerados para o estudo, todos os casos de queimaduras térmicas fatais, constantes nos registos.

Resultados:

Foram registados no SML-HCM um total de 605 casos fatais vítimas de queimaduras térmicas. Destes, 336 (55, 54%) foram do sexo masculino. A idade média foi de 20 anos, com uma mediana de 8 anos. As chamas foram responsáveis por 99% das mortes. De todas as queimaduras fatais, 73,6% delas ocorreu no domicílio e 86% foram acidentais e a área média de superfície queimada foi de 36%.

Conclusão:

A maior parte das queimaduras fatais ocorreu em crianças. A maioria destas queimaduras fatais foram acidentais, sendo causadas maioritariamente por chamas. A principal causa de morte nestes doentes foi choque por queimadura e septicemia. A recomendação principal seria melhor controlo de infecções

According to WHO, the burns are a major public health problem worldwide. Only those related to fire are 300,000 deaths per year, and most of them (95%) occur in low-and middle-income countries. Other more burns result from effervescent liquid, electrocution, chemicals and others. The deaths are just a part of the problem. For every person who dies by burning, many more survive with disabilities and disfiguring injuries for life. Despite of prolonged illness and death caused by burns are the more preventable, they still do not capture the necessary attention both from the medical field as well as the public in general.

Objective:

To describe fatal burns and to explore the characteristics that may contribute to the elaboration of prevention and control policies and to bring about aspects related to the patient's clinic that may serve to improve the clinical management of the burned patient.

Methods:

We conducted a longitudinal Retrospective study, with the data using the autopsy record book and reports from SML-HCM for the years 2009 to 2014. For this study, all cases of thermal fatal burns contained in the records were considered.

Results:

A total of 605 cases fatal victims of thermal burns were recorded in SML-HCM. Of these, 336 (55, 54%) were male. The average age was 20 years old, with a median of 8 years. The flames were responsible for 99% of deaths. Of all fatal burns, 73.6% of them occurred at home and 86% were classified as accidental and the average surface area burned was 36%.

Conclusions:

Most fatal burns occurred in children. Most of the fatal burns were accidental and by flames. The main cause of death in these patients was shock from burning, followed by septicemia. The main recommendation is to improve the infection control measures.