Manual de Diagnóstico e Tratamento de Tuberculose Resistente e Multi-Droga Resistente

Publication year: 2009

A Tuberculose (TB) é uma das mais antigas doenças da humanidade e constitui um sério problema de saúde pública a nível mundial. O fenómeno da resistência aos medicamentos da tuberculose surgiu logo após a utilização dos primeiros tuberculostáticos para o tratamento desta doença. A resistência aos medicamentos anti tuberculose constituiu um desafio tanto para os clínicos quanto para os programas nacionais de controlo de TB. Mais recentemente este problema aumentou com a Tuberculose Multi-droga Resistente (TB-MDR) considerada actualmente uma epidemia e com os surtos da TB extremamente resistente (TB-XDR). A resistência aos medicamentos é um problema criado pelo Homem. A utilização de regimes de tratamento inadequados, a má adesão ao tratamento e a toma de medicamentos de má qualidade e com fornecimento inadequado pela farmácia são factores que contribuem para a emergência de resistências. Em Moçambique, o primeiro estudo de TB resistente foi realizado no período de 1998/1999. Neste trabalho a prevalência de TB-MDR em casos novos foi de 3.5%, uma prevalência alta na região África Austral. O segundo estudo para avaliação da evolução da TB-MDR no País, terminou no final do 2008 e revelou uma prevalência idêntica em casos novos. O controlo da TB, em Moçambique, é uma prioridade para o Ministério de Saúde com grandes desafios principalmente ao estar associado à TB-M(X)DR e ao HIV. O diagnóstico da TB-MDR é feito no laboratório com base em Cultura e Testes de Sensibilidade aos medicamentos anti-TB (TSA). Até ao momento Moçambique dispõe de apenas 1 Laboratório Nacional de Referência (LNR) capaz de fazer cultura e TSA para medicamentos de 1ª linha. Está previsto para 2009/2010 a abertura dos laboratórios Regionais na Beira e Nampula que farão também Culturas e TSA. O tratamento de TB-M(X)DR representa um esforço para o paciente e para o clínico. O tratamento no total dura pelo menos 18 meses após primeira conversão de cultura. O regime de tratamento de TB-M(X)DR tem mais efeitos secundários do que o tratamento de TB sensível, este aspecto pode contribuir para a fraca adesão ao tratamento pelo paciente. A prevenção da transmissão de estirpes resistentes na comunidade e nas unidades sanitárias é de grande importância principalmente no nosso País, pela prevalência elevada da infecção por HIV. Dentro desta perspectiva é necessário que as recomendações de controlo de infecção sejam aplicadas com rigor. Referir que esta versão de manual de tratamento de TB-MDR e TB resistente é baseada no manual da OMS, “Guia para o manuseio programático de TB-MDR e TB resistente”, versão 2008.

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