Introdução:

Há um corpo substancial de conhecimento sobre os efeitos da pandemia de COVID-19 nas lesões, mostrando reduções frequentes, mas inconsistentes, tanto no volume quanto no padrão. No entanto, estudos especificamente direcionados a crianças são menos comuns, principalmente em países de baixa e média renda. Este estudo investigou se houve mudanças no padrão e desfecho das internações por lesões pediátricas nos quatro hospitais regionais de referência de Moçambique durante 2020.

Métodos:

Os prontuários clínicos de pacientes pediátricos que se apresentaram nos hospitais-alvo com lesões agudas foram revisados usando um conjunto de características da criança, lesão e resultado durante cada um dos dois períodos de restrição consecutivos em 2020, usando como comparador os mesmos períodos em 2019, o ano anterior à pandemia. As diferenças entre as proporções de 2020 e 2019 para qualquer característica foram examinadas por meio do teste t (nível de significância de 0,05).

Resultados:

Em ambos os períodos de restrição, em comparação com o ano anterior, foram observadas reduções no número de lesões em quase todos os aspectos investigados, embora de forma mais notável durante o primeiro período de restrição, em particular, maiores proporções de lesões no ambiente domiciliar e por queimaduras (7,2% e 11,5%, respectivamente) e uma redução de pacientes que receberam alta (2,5%).

Conclusão:

Durante as restrições implementadas para combater a pandemia em Moçambique em 2020, embora cada período de restrição tenha visto uma queda no volume de internações por lesões nos hospitais centrais, o padrão de características da criança, lesão e resultado não mudou muito, exceto por um excesso de lesões domiciliares e queimaduras no primeiro período, mais restritivo. Se isso reflete apenas a natureza das restrições ou, em vez disso, outros mecanismos que entraram em jogo, individuais ou relacionados aos sistemas de saúde, ainda precisa ser determinado.