Expansão do Tratamento Antirretroviral Contra o HIV em Moçambique e Estimativa de Infecções e Mortes por HIV Evitadas, 2004–2023

Rev. moçamb. ciênc. saúde; 10 (2), 2024
Ano de publicação: 2024

Introdução:

Moçambique é um país com elevado fardo de HIV. Em 2004, Moçambique tinha uma prevalência estimada do HIV de 15,6% e 1.5 milhões de pessoas vivendo com HIV (PVHIV). No mesmo ano, o país iniciou a expansão do tratamento antirretroviral (TARV) com o apoio do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da SIDA (PEPFAR). Descrevemos a expansão da TARV e calculamos as infecções por HIV e as mortes relacionadas com o HIV que foram evitadas.

Métodos:

Analisamos dados de Monitoria, Avaliação e Reportes (MER) do PEPFAR e os dados do programa de arquivo. Antes de Outubro de 2018, as PVHIV em TARV eram definidas como clientes com ≤90 dias desde a última visita perdida; em Outubro de 2018, a definição mudou para ≤28 dias. A taxa de supressão da carga viral (VLS) foi calculada como PVHIV em locais apoiados pelo PEPFAR com VLS (<1.000 cópias virais/mL) entre aqueles testados nos últimos 12 meses. Utilizámos o Modelo de Impacto da SIDA do Spectrum da ONUSIDA de 2024 e o Goals ASM para estimar as infecções e mortes relacionadas com o HIV evitadas.

Resultados:

Em setembro de 2023, 2,1 milhões de PVHIV em Moçambique estavam a receber TARV apoiada pelo PEPFAR (1,4 milhões de mulheres [66%]; 1,9 milhões com idade ≥15 anos [95%]), um aumento de 650 vezes em relação a 3.226 PVHIV que recebaram TARV em Março de 2004. A taxa de VLS aumentou de 62% (78.808/126.212) em 2017 para 94% (1.235.626/1.318.544) em 2023. Durante 2004-2023, a expansão do TARV ajudou a evitar cerca de 1.6 milhões de infecções por HIV, incluindo mais de 350 000 infecções entre bebés expostos ao HIV, e 1.070.295 mortes relacionadas com o HIV.

Conclusão:

Os mais de 20 anos de esforços de expansão do TARV em Moçambique expandiram grandemente o tratamento eficaz e evitaram um grande número de novas infecções e mortes relacionadas com o HIV. Embora os progressos tenham sido impressionantes, continuam a existir lacunas no sentido de alcançar e manter o controlo da epidemia do HIV

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