Análise da documentação sobre o estigma e a discriminação relacionados com o hiv/sida em moçambique
Ano de publicação: 2004
Moçambique é um dos países do mundo mais afectados pelo HIV/SIDA. Em
2002, estimava-se que o número de pessoas vivendo com o HIV era de 13%
da população adulta, dos 15 aos 49 anos de idade (ONUSIDA/OMS: 2002). Em
2002 surgiram cerca de 83.000 novos casos de SIDA, e, de acordo com
projecções para 2004, estima-se que o número de novos casos venha a ser
de 135.000. (Ver: Barreto et al: 2004) A amplitude da epidemia está a
tornar-se evidente, pois é cada vez maior o número de pessoas com o HIV
que está a adoecer.
O impacto da epidemia já se faz sentir, pois o país está actualmente a
braços com a diminuição dos seus recursos e capacidades, o que, a curto e
longo prazo, comprometerá a luta pelo desenvolvimento.
O principal impacto do HIV/SIDA é o que atinge os recursos humanos. O
relatório da ONUSIDA, de 2002, indica que os elevados índices de
absentismo, morbilidade e mortalidade, no meio laboral, geram
desorganização e têm por consequência uma grande rotatividade dos
trabalhadores.
À medida que a epidemia continuava a espalhar-se pelo país notava-se que
aumentava a consciência do facto e intensificava-se uma reacção à escala
nacional envolvendo diferentes estruturas, a vários níveis. A epidemia
tornou-se uma prioridade nacional. Em 1998 o Ministério da Saúde (MISAU)
criou o Programa Nacional de Combate ao SIDA. Em 2000, o primeiro Plano
Nacional de Luta Contra o HIV/SIDA e as DTS foi delineado em colaboração
com a sociedade civil, as ONG e os organismos doadores. Em 2000, foi criado
um mecanismo de coordenação multissectorial, o Concelho Nacional Contra
o SIDA (CNCS), com o objectivo de envolver todos os sectores da sociedade
na resposta à epidemia.
As iniciativas da sociedade civil, sob a forma de campanhas de educação e
prevenção, e as actividades no sentido de apoiar as pessoas que vivem com
o HIV/SIDA (PVHS), aumentaram igualmente. A epidemia do HIV/SIDA
revelou a sua capacidade de desencadear reacções de solidariedade e de
apoio por parte das famílias e das comunidades. Contudo, desde que o
primeiro caso de HIV/SIDA em Moçambique foi do conhecimento público...