Os elevados e persistentes níveis de desnutrição em Moçambique estão bem documentados. De acordo com o Inquérito Demográfico de Saúde (IDS) 2011, a prevalência da desnutrição crónica entre crianças menores de cinco anos é de 43% e está estreitamente correlacionada ao estado nutricional das mães. A prevalência de desnutrição aguda é estimada em 6% e a prevalência de baixo peso em 15%.2 Estima-se, ainda, que a nível nacional, 69% de crianças entre os 6 e 59 meses de idade sofre de deficiência de Vitamina A e 75% de crianças na mesma faixa etária tem anemia. O baixo peso à nascença em crianças moçambicanas, estimado em 14%, indica que a desnutrição afecta as crianças ainda no útero das suas mães. As gravidezes precoces (38%), em muitos casos resultantes de casamentos prematuros (14% antes dos 15 e 48% antes dos 18 anos de idade), contribuem significativamente para o baixo peso à nascença.5 A base de evidências globais sobre a nutrição materno-infantil aponta para os 1000 dias entre a concepção e o segundo aniversário de uma criança como uma janela de oportunidade única para investir na nutrição, de modo a promover uma vida saudável e produtiva para as crianças.6,7,8,9 As intervenções focalizadas na melhoria do estado nutricional das mães, mesmo antes da concepção, e das crianças menores de dois anos têm sido o foco dos programas de nutrição implementados em Moçambique, no contexto do Plano de Acção Multissectorial para a Redução da Desnutrição Crónica em Moçambique (PAMRDC, 2011-2015/20), aprovado pelo Governo de Moçambique, em 2010.10 O PAMRDC visa reduzir a prevalência da desnutrição crónica em crianças com menos de 5 anos de idade de 44% em 2008 para 30% em 2015 e 20% até 2020, através da implementação de medidas preventivas dentro dos vários sectores de desenvolvimento. A situação nutricional de Moçambique e uma análise causal da mesma são apresentadas com mais detalhe noutros documentos.