Perfil epidemológico, complicações e custo do aborto clandestino. comparação com aborto hospitalar e parto, em Maputo, Moçambique

Ano de publicação: 1995
Teses e dissertações em Português apresentado à Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Doutor. Orientador: Hardy, Ellen Elizabeth

O objetivo geral do estudo foi identificar as caractersiticas das mulheres que se internam, por complicações de aborto clandestino no Hospital Central de Maputo, Moçambique, e avaliar o custo econômico e para a saúde dessa prática. A longo prazo o propósito de estimular medidas para prevenir gravidezes indesejadas, bem como a morbl-mortalidade materna resultante. Este foi um estudo caso-controle, em que a forma de término da última gravidez foi a variável dependente para estudar as caracteristicas sócio-gemográficas e de saúde das mulheres. Ao mesmo tempo foi um estudo analítico, prospectivo em que a forma de término da gestação foi a variável independente para avaliar complicações e custos hospitalares. O tamanho amostral foi calculado em 400 mulheres para cada um dos grupos de mulheres com aborto clandestino, hospitalar ou parto. Para as entrevistas foi usado um questionário estruturado e pré-testado, e para avaliar os custos hospitalares um formulário de custos do IPAS. Os dados foram digitados e analisados através do SPSS, utilizando-se os testes de qui-quadrado, teste exato de Fisher e o teste “t” de Student. As mulheres cm aborto clandestino eram mais jovens e uma maior porcentagem era primigesta e teve menos abortos do que aquelas nos outros grupos. O número de filhos vivos dos dois grupos com aborto foi semelhante. AS mulheres com aborto clandestino tiveram escolaridade menor que as do grupo com aborto hospitalar, mas maior que as do grupo com parto. Uma proporção menor de mulheres do grupo com aborto clandestino vivia com um parceiro quando comparadas com os outros grupos, sendo também mais frequentemente recém-chegadas à cidade de Maputo. Uma proporção maior de mulheres do grupo com aborto clandestino não tinha religião. No grupo com aborto Clandestino a qualidade da habitação foi semelhante à do grupo com parto, mas muito inferior em reiação ao grupo com aborto hospitalar. Os parceiros das mulheres com aborto clandestino estavam mais frequentemente desempregados quando comparados ao grupo com aborto hospitalar. Todos os grupos tiveram conhecimentos elevados acerca de contraceptivos, mas a frequência de uso foi maior no grupo com aborto hospitalar. As complicações, transfusões de sangue, média de dias de internação, consumo de antibióticos de terceira geração e de infusões foram maiores no grupo com aborto ciandestino, tendo ocorrido mortes apenas neste grupo. O custo médio por paciente do grupo com aborto clandestino foi de US$ 100 comparado com US$ 12 por mulher com aborto hospitalar e 18 dólares do grupo com parto. O autor conclui que o aborto clandestino teve consequências mais graves para saúde das mulheres do que outras formas de término de gestação estudadas. As mulheres internadas por complicações de aborto representaram um custo nove e cinco vezes superior às mulheres internadas por aborto hospitalar e parto, respectivamente.

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