PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO E CLÍNICO DOS PACIENTES QUE ABANDONARAM O TRATAMENTO ANTIRRETROVIRAL NAS PROVÍNCIAS DE MAPUTO E DE CABO DELGADO (2012- 2013)
Ano de publicação: 2016
Teses e dissertações em Português apresentado à Universidade Eduardo Mondlane para obtenção do título de Mestre. Orientador:
Em Moçambique o número de pessoas vivendo com HIV e SIDA (PVHS) em 2014, foi estimado em 1.6 milhões de indivíduos. De 2003 a 2014, foi feita descentralização e integração do tratamento antirretroviral (TARV) nos Cuidados de Saude Primários (CSP), permitindo uma cobertura de 65 % dos pacientes elegíveis. A retenção no TARV, em 2014, foi estimada em 56% ao fim de 24 meses, em todo o País [1].
Objectivo:
No presente estudo, explora-se as características sócio-demográficas e clínicas dos pacientes que abandonaram o TARV nas Províncias de Maputo (PM) e de Cabo Delgado (PCD) de Janeiro de 2012 a Dezembro de 2013.Metodologia:
Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo, no qual foram usados dados secundários de pacientes que iniciaram o TARV em 2012-2013 nas duas províncias.Resultados:
De Janeiro de 2012 a Dezembro de 2013, 46.123 pacientes iniciaram TARV em ambas as províncias, dos quais 23% (10.639) abandonaram o mesmo. A taxa de abandono ao TARV foi 15.9 e 40.1 por 100 Pessoas-Ano (PA) nas PM e PCD respectivamente. O ano do inicio TARV, o local de residência, o género, a idade, o nível de escolaridade, estado civil e o estadio clínico no inicio do TARV são variáveis associadas ao abandono. Ter idade entre 15-24 anos quando comparado com outras faixas etarias e estadio clínico avançado no inicio do TARV (HR= PM – OMS IV- 2,55 e OMS III – 1,6 para p<0,001 e PCD – OMS IV- 1,22 para p<0,001) estão associados ao abandono ao TARV em ambas províncias porém existem diferenças importantes entre as duas províncias:. Maior tempo de exposição ao TARV e ter escolaridade (HR= primários 1,47 para p < 0,001 e secundário ou mais 1,33 para p < 0,003) constituem factores de risco para abandono ao TARV, enquanto ser mulher (HR – 0,67 para p<0,001) casado/ viver maritalmente (HR = 0,8 para p<0,001) ou divorciado (0,81 para p<0,003) são factor protetor na província Maputo. Residir na zona rural (HR= 1.38 para p<0,001) constitui factor de risco para o abandono ao TARV enquanto possuir nível secundário ou mais de escolaridade (HR = 0,77 para p<0,001) constitui um factor protector na província de Cabo Delgado.Conclusões:
Residir na zona rural, o género masculino, idade jovem, o baixo nível de escolaridade, o estado avançado da doença e imunodeficiência severa na altura do início do TARV estão associados ao abandono ao TARV.
In Mozambique the number of people living with HIV and AIDS (PLWHA) in 2014 was estimated at 1.6 million individuals. From 2003 to 2014, the antiretroviral treatment (ART) provision was decentralized and integrated into Primary Health Care (PHC), allowing for a 65% coverage of eligible patients. The patient retention on ART in 2014 was estimated at 56% at the end of 24 months throughout the country [1].