Ano de publicação: 2013
Teses e dissertações em Português apresentado à Universidade Eduardo Mondlane para obtenção do título de Mestre. Orientador:
A cisticercose humana é uma infecção parasitária causada pela
Cysticercus cellulosae, larva da Taenia solium. O homem adquire a infecção quando
ingere água ou alimentos contaminados por fezes humanas contendo ovos da T.
solium. O controlo da cisticercose humana é dificultado devido a ausência de meios
de diagnósticos simples sensíveis e baratos e a falta de inquéritos epidemiológicos
que indiquem a real prevalência, distribuição e factores de riscos associados. O
objectivo do presente trabalho foi de determinar a seroprevalência de antígenos
circulantes de Cysticercus cellulosae, causadora da cisticercose humana e identificar
os factores de risco associados a ocorrência da infecção na população da Localidade
de Rapale‐Sede no Distrito de Nampula, Província de Nampula.
Métodos:
A população de estudo foi constituída por residentes da Localidade de
Rapale‐Sede com idade igual ou superior a 18 anos que foram seleccionados nos
agregados familiares visitados durante o estudo. A seroprevalência foi determinada
com base no resultado do teste serológico Ag‐ELISA para detenção de antígenos
circulantes de Cysticercus cellulosae e os dados sobre os factores de risco foram
obtidos a partir de entrevistas que foram realizadas com recurso a um questionário.
A análise estatística foi feita com auxílio do programa SPSS 19 e foram usados
modelos de regressão logística para verificação de associação entre o resultado do
teste Ag‐ELISA as diferentes variáveis sócio demográficas.
Resultados:
Participaram no estudo um total de 137 indivíduos dos quais 51,1%
eram de sexo feminino. Cerca de 44,5% dos entrevistados eram indivíduos sem
nenhuma escolaridade e destes na sua maioria eram mulheres (51,4%). Mais de
metade dos entrevistados (60%) viviam em casas do tipo pau a pique e 46.0% em
casas com cobertura de zinco. Sessenta e três por cento dos entrevistados não
tinham o hábito de tratar a água para beber e 43,8% não possuíam latrina. A
seroprevalência de antígenos de Cysticercus cellulosae foi de 11,7% [(16/137) IC
95% (7,0 – 17,8)]. A seroprevalência foi maior entre os participantes criadores de
porco [OR=12,12 IC 95% (3,59 – 40,93); p<0.001] e sem latrinas [OR=6,82 IC 95%
(1,84 – 25,22); p=0,004] mostraram‐se mais propensos a infecção por formas
infectantes da T. solium e consequente seropositividade para antígenos de
Cysticercus cellulosae. Não se verificou nenhuma associação estatística entre género,
idade e religião com a seropositividade para Cysticercus cellulosae.
Conclusões:
A cisticercose humana é prevalecente na Localidade de Rapale‐Sede.
Um em cada dez residentes da vila sede do Distrito é seropositivo para antígenos de
Cysticercus cellulosae. Ser criador de porco e não possuir latrina constituem factores
de risco para infecção por Cysticercus cellulosae na Localidade de Rapale‐Sede.