Ano de publicação: 2010
Teses e dissertações em Português apresentado à Universidade Eduardo Mondlane para obtenção do título de Mestre. Orientador: Jani, Ilesh
O sarampo é uma doença viral altamente infecciosa causada por um vírus
denominado morbilivírus e para o qual os seres humanos são os únicos reservatórios. Esta
doença constitui um grande problema de saúde pública, especialmente em Países de baixos
recursos económicos, e onde a elevada prevalência do HIV influencia o perfil epidemiológico
desta doença.
Objectivo:
O presente estudo tem como objectivo principal avaliar a influência da exposição ao
HIV e da infecção pelo HIV na imunidade contra o sarampo em crianças com 9 meses de idade.
Metodologia:
O presente estudo realizou-se no Centro de Saúde do 1º de Maio e no Hospital
Geral de Chamanculo na Cidade de Maputo. Participaram do estudo 182 crianças que
compareceram aos Centros de Saúde para a vacinação contra o sarampo aos 9 meses de idade,
onde foi efectuada uma colheita de sangue; foi aplicado um questionário com as variáveis sóciodemográficas
de interesse para o estudo e solicitou-se as mães que regressarem um mês depois
para uma nova colheita. As análises laboratoriais incluíram:
análise serológica para IgG e IgM
contra o vírus do sarampo, serologia para HIV através de teste rápido, ELISA e PCR, e ainda
contagem de Linfócitos TCD4+ e TCD8+ por imunofenotipagem; As crianças foram
classificadas em três grupos, não expostas HIV-, expostas HIV+ e expostas HIV-.
Resultados:
Das 182 crianças que foram recrutadas para o estudo, 97,8% não apresentaram
títulos detectáveis de anticorpos IgG aos 9 meses. Mães HIV+ apresentaram uma média
geométrica de títulos IgG de 1574.0 e as mães HIV– apresentaram uma média geométrica de
1241.7; Mães com idade igual ou superior a 30 anos apresentaram uma média geométrica de
títulos IgG de 2060.6 e mães com idade inferior a 30 apresentaram uma média de 1245.0. Não
se verificaram grandes variações nos valores de Linfócitos TCD4+ e TCD8 nos três grupos de
estudo, um mês depois da vacina. Durante este período 32.7 % das crianças que compareceram
apresentaram resultados positivos para IgG, 44.2% resultado indeterminado e 22.9% resultado
negativo. Das crianças expostas HIV-, 45.0% apresentaram um resultado indeterminado e
20.0% apresentaram um resultado negativo. No grupo de crianças HIV positivas, 1/3
apresentaram resultado indeterminado para IgG contra o sarampo, e a mesma proporção
apresentou um resultado negativo.
Conclusão:
Estes dados revelam que aos 9 meses as crianças não possuem títulos IgG
protectores contra o sarampo o que pode tornar as crianças susceptíveis a contraírem sarampo
antes da idade recomendada para a vacinação, e ainda que um grupo destas não apresenta títulos
IgM um mês após a vacina o que demonstra uma possibilidade de algumas crianças
apresentarem falha vacinal.