O Sindroma de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é um problema importante de saúde pública, principalmente nos países em desenvolvimento como Moçambique. Os adolescentes apresentam alta prevalência dos comportamentos de risco ao Vírus de Imunodeficiência Humana (HIV). Os Ministérios da Educação (MINED), da Saúde (MISAU), Juventude e desportos (MJD) têm envidado esforços no sentido de reduzir o índice de prevalência do HIV.

Objectivos:

Avaliar os conhecimentos, percepções e o comportamentos sobre os factores de risco do SIDA em adolescentes; Comparar os conhecimentos, percepções e comportamentos sobre o riscos de contrair o HIV em função da escolaridade, idade e sexo; Identificar as abordagens sobre o SIDA e avaliar o grau de implementação das mesmas nas duas escolas.

Métodos:

O estudo foi qualitativo com abordagem fenomenológica e quantitativo transversal realizado nas escolas secundárias da Matola e da Zona verde de Julho a Outubro de 2012. Fizeram parte, 1127 adolescentes com idades entre 15 -19 anos, organizados em estratos de ciclos e 40 professores, sendo 20 para cada escola. Foram recolhidos dados sόcio-demográficos, conhecimentos sobre a transmissão e prevenção do HIV, Percepção e comportamentos de risco de contrair o HIV usando o questionário. Os professores deram o seu olhar em relação a vulnerabilidade dos adolescentes e as abordagens em relação ao tema HIV e sua implementação na escola por meio de grupos focais de discussão (GFD) e entrevistas individuais com recurso ao gravador. Foram garantidos os direitos de liberdade dos participantes, através da assinatura do consentimento informado e foi respeitada a privacidade mantendo o anonimato nos questionário e entrevistas.

Resultados:

As variáveis de conhecimentos de transmissão e de prevenção mostraram que o nível de conhecimento de transmissão é mais elevado em relação ao do conhecimento para prevenção. Os adolescentes têm um início precoce das relações sexuais, os rapazes tiveram a idade média de 14 e as raparigas de 16. Na primeira e última relação sexual usaram o preservativo 91% e 80% respectivamente. Em relação a percepção do risco, 76,2% de rapazes e 69,3% de raparigas dizem não estarem em risco de contrair o HIV. Sob o ponto de vista dos professores a maioria dos alunos têm conhecimentos sobre HIV. Os professores reportam várias situações de risco como xii álcool, drogas, sexo intergeracional, pobreza, emoções da idade,questões de género nos adolescentes. As abordagens do tema SIDA são feitas através de disciplinas curriculares, palestras pelos activistas da geração BIZ ou pelo programa Prevenção Activa e Comunicação para Todos (PACTO). Há problemas na implementação dessas abordagens por falta de material didáctico, formação dos professores sobre a matéria, questões culturais e religiosas.

Conclusão:

Os adolescentes das duas escolas têm conhecimentos básicos sobre a transmissão do HIV e escasso sobre a prevenção da doença. As situações de risco reportadas pelos professores e identificados através do questionário revelam que os adolescentes nem sempre põem em prática os conhecimentos que têm. Existe uma crença generalizada dos adolescentes sobre o facto de não estarem em risco e de terem conhecimentos suficientes para se prevenirem da doença. As abordagens preconizadas sobre SIDA nas escolas não são suficientes em quantidade nem qualidade, a implementação não é efectiva e nota-se uma resistência para o tratamento desta matéria. O estudo recomenda intervenções no tratamento de conteúdos ligados ao HIV/SIDA pelos professores bem como das estratégias de comunicação dos programas da geração BIZ nestas escolas.