Avaliação da retenção ao TARV das mulheres grávidas HIV positivas a partir da consulta pré-natal na Província de Gaza, Novembro de 2017 a Maio de 2020

Ano de publicação: 2020
Teses e dissertações em Português apresentado à Universidade Eduardo Mondlane para obtenção do título de Mestre. Orientador:

Apesar da prevenção de transmissão vertical (PTV) ser eficaz para prevenir o HIV da mãe para o filho, aumentando o número de mulheres grávidas HIV+ em tratamento anti-retroviral (TARV), verifica-se ainda baixa retenção nos cuidados contínuos da saúde da mulher e criança, dificultando o alcance das metas desejadas para a eliminação da transmissão vertical a nível Nacional. O estudo teve como objectivo, avaliar a retenção das mulheres grávidas (MG) HIV+ que iniciaram o TARV a partir da consulta pré-natal.

Métodos:

Foi realizado um estudo descritivo longitudinal a partir de dados colhidos retrospectivamente, no período entre Novembro de 2017 a Maio de 2018, em 28 unidades sanitárias (US) da província de Gaza. Foi calculado uma amostra minima de 197 processos clínicos das participantes usando o pacote estatistico R. Foi avaliada a reten ção ao TARV nos primeiros 3 meses e 6 meses após o início de tratamento na consulta pré natal (CPN) sob opção B+. Os dados foram colhidos a partir de livros de registo e processos clínicos, e analisados no programa estatístico SPSS versão 20, tendo se realizado análises de regressão logistica e teste qui-quadrado. O estudo foi conduzido após a aprovação pelo Comité I nstitucional de Bioética da Faculdade de Medicina e do Hospital Central de Maputo.

Resultados:

Foram localizados e revistos um total de 136 processos clínicos de MG HIV+ que iniciaram TARV na CPN , com idades entre 15 a 39 anos, mediana de 23 (IIQ= 16-36) anos, sendo a maioria 42,6% (58/136) de faixa etária de 20 a 24 anos. Mais da metade das participantes tinham o nível primário com 51,5% (70/136), a ausência do parceiro na CPN foi de 88% (120/136). Cinquenta e sete virgula quatro porcento (78/136) das MG HIV+ ficaram retidas nos primeiros 3 meses que reduziu para 33,8% aos 6 meses. A relação entre a faixa etária com a retenção até aos 3 meses e 6 meses não foi estatisticamente significativa (p=0,767; p=0,450), o nivel de escolaridade com a retenção até 3 meses foram estatistícamente significativa, (p=0,041). Uma mulher com ensino secundário ou superior possui uma chance de retenção aos primeiros 3 meses, 68,6% inferior comparativamente a uma mulher com nivel primário ou sem nenhum grau de escolaridade (OR=0,314 p-value=0,010). A chance de uma mulher não acompanhada pelo parceiro na CPN reter-se no tratamento aos primeiros 3 meses é 4,203 vezes superior relativamente as mulheres que foram acompanhadas pelo seu parceiro (OR=4,203pvalue=0,046).

Conclusão:

Quase a metade das partipantes tiveram perda de seguimento aos primeiros 3 meses, evidenciando a necessidade de melhorar nas estrategias de conscientização do HIV, importância do seguimento da MG na CPN e PTV aos homens e a comunidade em geral
Although prevention of vertical transmission (PMTCT) is effective in preventing HIV from mother to child by increasing the number of HIV+ pregnant women undergoing antiretroviral treatment (ART), there is still low retention in continuing health care for women and children, making it difficult to achieve the desired goals for the elimination of vertical transmission at the national level. The study aimed to assess the retention of HIV+ pregnant women that started ART from the prenatal consultation.

Methods:

A longitudinal descriptive study was carried out using data collected retrospectively, from November 2017 to May 2018, in 28 health facility (HF) in the province of Gaza. A sample of 197 clinical processes of the participants was calculated using the statistical package R. Retention to ART was evaluated in the first 3 months and 6 months after the start of treatment at the antenatal consultation (ANC) under Option B +. The data was collected from logbooks and clinical processes, and then analyzed using the software SPSS, with logistic regression analysis and chi-square test. The study was conducted after approval by the Institutional Bioethics Committee of the Faculty of Medicine and the Central Hospital of Maputo.

Results:

A total of 136 clinical cases of HIV+ pregnant women (PW) that started ART on ANC were located and reviewed, aged 15 to 39 years, median of 23 (IIQ= 16-36) years, the majority being 42.6% (58 / 136) aged 20 to 24 years. More than half of the participants had the primary level with 51.5% (70/136), the absence of the partner in the ANC was 88% (120/136). Fifty-seven point four percent (78/136) of HIV+ pregnant women were retained in the first 3 months, which decreased to 33.8% at 6 months The relationship between the age group and retention up to 3 months and 6 months was not statistically significant (p = 0.767; p = 0.450), the level of education with retention up to 3 months was statistically significant, (p = 0.041). A woman with secondary or higher education has a chance of retention in the first 3 months, 68.6% lower than a woman with a primary level or without any level of education (OR = 0.314 p-value = 0.010). The chance of a woman unaccompanied by her partner at ANC to retain treatment for the first 3 months is 4.203 times higher than women who have been accompanied by her partner (OR = 4.203p-value = 0.046).

Conclusion:

Almost half of the participants had loss of follow-up in the first 3 months, showing the need to improve HIV awareness strategies, the importance of monitoring PW in ANC and PMTCT for men and the community in general.

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