Uso de metodos de triangulacao para identificar distritos com maior risco de transmissao de HIV - Mocambique, 2018

Ano de publicação: 2020

Moçambique enfrenta, actualmente, uma epidemia generalizada de HIV, onde foram estimadas cerca de de 2,2 milhões de pessoas vivendo com HIV (PVHIV), em 2018 [1]. De acordo com as estimativas de modelagem do Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/SIDA (ONUSIDA) de 2019, aproximadamente 56% das PVHIV iniciaram o Tratamento Antiretroviral (TARV). Entretanto, apesar deste incremento, cerca de 1 milhão de pessoas continuam sem tratamento no país. Por outro lado, do total das pessoas que iniciaram o tratamento apenas 68% permanecem activos em TARV após 1 ano [2]. A baixa retenção ao tratamento leva à baixa supressão viral, que é um medidor crucial na eficácia do tratamento. Numa análise recente de dados de 2018 de testes de carga viral estimou-se que 73% dos testes tinham atingido a supressão viral que é definida como menos de 200 cópias de vírus por mililitro de sangue [3]. A baixa cobertura de TARV e a baixa retenção podem levar à baixa supressão viral da população, resultando em transmissão contínua do HIV. Para monitorar a epidemia, a ONUSIDA aplicou técnicas de modelagem geoespacial usando os módulos de Modelo de Impacto do SIDA (AIM – AIDS Impact Model) e o Pacote de Projecção Epidêmica (EPP) dentro de um Software denominado de Spectrum para estimar o número anual de novas infecções. Com estes métodos, em 2018 foram estimadas cerca de 130 mil novas infecções por HIV entre adultos com mais de 15 anos [1]. A partir destas estimativas nota-se uma considerável variação geográfica no número de novas infecções no país (Figura1). Estas variações podem resultar de características únicas comportamentais, culturais e geográficas que influenciam os padrões locais da epidemia. Os indicadores epidemiológicos foram extraídos do HIVE que é um modelo geoespacial para de HIV desenvolvido pela ONUSIDA, com apoio técnico do Imperial College London, para melhor explicar avariação geográfica da epidemia de HIV no nível subnacional. O modelo HIVE de 2019 fornece estimativas de indicadores epidemiológicos a nível de distrito para 2018. As técnicas de modelagem têm sido úteis para uma melhor compreensão da epidemia. Entretanto, existem disponíveis no país várias outras fontes de dados (novas e actualizadas), incluíndo dados de vigilância e programáticos. A diversidade das fontes de dados fornece uma oportunidade para fortalecer e expandir as técnicas de modelagem existentes. Assim, usando métodos de triangulação de dados das várias fontes existentes pode se identificar áreas geográficas de foco de intervenção para reduzir a transmissão contínua do HIV. A triangulação oferece várias vantagens como abordagem analítica. Em primeiro lugar, este método pode fazer uso de dados já disponíveis, incluíndo dados primários e secundários. Em segundo, os dados aqui apresentados são provenientes de várias fontes de dados que podem ser usadas para corroborar resultados de diferentes estudos, reduzindo assim o erro aleatório e o viés de qualquer estudo único.
Mozambique is currently facing a widespread HIV epidemic, with an estimated 2.2 million people living with HIV (PLHIV) in 2018 [1]. According to the 2019 Joint United Nations Program on HIV/AIDS (UNAIDS) modeling estimates, approximately 56% of PLHIV have started Antiretroviral Treatment (ART). However, despite this increase, about 1 million people remain without treatment in the country. On the other hand, of the total number of people who started treatment, only 68% remain active on ART after 1 year [2]. Low retention to treatment leads to low viral suppression, which is a crucial measure of treatment effectiveness. In a recent analysis of 2018 viral load test data it was estimated that 73% of the tests had achieved viral suppression which is defined as less than 200 copies of virus per milliliter of blood [3]. Low ART coverage and low retention can lead to low viral suppression in the population, resulting in continued HIV transmission. To monitor the epidemic, UNAIDS applied geospatial modeling techniques using the AIDS Impact Model (AIM) and the Epidemic Projection Package (EPP) modules within a Software called Spectrum to estimate the annual number of new infections. With these methods, in 2018, approximately 130 thousand new HIV infections were estimated among adults over 15 years of age [1]. Based on these estimates, there is considerable geographic variation in the number of new infections in the country (Figure 1). These variations may result from unique behavioral, cultural and geographic characteristics that influence local patterns of the epidemic. The epidemiological indicators were taken from HIVE which is a geospatial model for HIV developed by UNAIDS, with technical support from Imperial College London, to better explain the geographic variation of the HIV epidemic at the subnational level. The 2019 HIVE model provides estimates of district-level epidemiological indicators for 2018. Modeling techniques have been useful for a better understanding of the epidemic. However, several other data sources (new and updated) are available in the country, including surveillance and programmatic data. The diversity of data sources provides an opportunity to strengthen and expand existing modeling techniques. Thus, using data triangulation methods from the various existing sources, geographic areas of intervention focus can be identified to reduce ongoing HIV transmission. Triangulation offers several advantages as an analytical approach. First, this method can make use of data already available, including primary and secondary data. Second, the data presented here come from multiple data sources that can be used to corroborate results from different studies, thus reducing random error and bias from any single study.

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