As histórias que ficaram por contar: saúde, crescimento urbano e ambiente em Moçambique na viragem do século XIX

Ano de publicação: 2013

No último quartel do século XIX, a implementação dos Serviços de Saúde em Moçambique veio revelar-se tarefa complexa e de difícil concretização, não tanto pela ausência de legislação e de programas específicos, como pelos escassos recursos humanos, técnicos, materiais e financeiros que comprometeram seriamente a execução dos programas no quadro da implantação do próprio sistema colonial. Doença e cura, diagnóstico e tratamento continuavam a ser problemas por resolver, persistindo abordagens e metodologias díspares que revelavam diferentes tipos de saber, conhecimento e “cientificidade”. E enquanto se condenavam as práticas tradicionais e o recurso aos “remédios da terra”, procurava-se a aplicação de modelos de funcionamento e eficiência que as combatessem sensibilizando, em simultâneo, autoridades e populações, para a adopção de práticas de higiene e saneamento, sem as quais muito dificilmente se poderiam combater eficazmente muitas das doenças que mais contribuíam para o deficiente estado sanitário em que se encontrava a maior parte do território. Tendo por base os relatórios do Serviço de Saúde e, muito em particular, os relativos à cidade e districto de Lourenço Marques, procurar-se-á, por via da relação das problemáticas saúde - crescimento urbano - ambiente, identificar os principais factores locais que interferiram no funcionamento e eficácia dos Serviços de Saúde. Por sua vez, e considerando que a viragem do século XIX é um período crucial para a História de Moçambique, e muito especialmente para o Sul de Moçambique, pretende-se igualmente chamar a atenção para um conjunto de documentos fundamentais para uma melhor compreensão deste período não só na perspectiva da problemática da saúde mas também do crescimento urbano e demográfico de Lourenço Marques e dos impactes ambientais mais significativos e relevantes desse crescimento

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