Representações Sociais de Doença Mental: Um Estudo Exploratório com Leigos, Profissionais de Saúde e Curandeiros em Maputo
Ano de publicação: 2012
Teses e dissertações em Português apresentado à Instituto Universitário de Lisboa para obtenção do título de Mestre. Orientador: Bernardes, Sónia F
What is now referred to by western societies as mental illness, was - and in some way
still is – understood along the centuries using different interpretations. Associated with
each of these interpretations are specifically, an historic moment, and cultural meanings
vast and complex.
The concentration of public attention in negative episodes of mental illness tends to
accentuate the feelings of insecurity on the part of society and contributing to the
creation of categories and stereotypes which, in turn, generated the processes of
stigmatization and social discrimination of people with experience of mental illness
(Jorge-Monteiro, 2006) and are therefore in a vulnerable position.
This study aims to understand the social representations of mental illness in
Mozambique, particularly in Maputo, of health professionals, lay people and traditional
healers. There were twenty-five semi-structured individual interviews, specifically ten
healers, nine to laymen and six to health professionals. The technique of content
analysis enabled us to identify and organize the explanations related to the concept, the
causes, the treatment, evolution, the consequences of mental illness, and intervention
proposals perceived as effective for mental illness of each of the above mentioned
groups. We reflect on the relations between social representations and practices
regarding the perception of mental illness. It was found that the representations of the
three groups are formed in a common node shared social; however, there are also some
specific differences between the groups - and in the case of the intergroup of laymen,
based on the context of provenance. And from these results, reflected also on strategies
for reconciling any differences in social representations and practices relating to mental
illness.
A doença mental, foi - e de alguma forma ainda é - percebida ao logo dos séculos com
recurso a diferentes interpretações. Associados a cada uma destas interpretações
encontram-se especificamente, um momento histórico, e significados culturais vastos e
complexos.
A concentração da atenção pública em episódios negativos da doença mental tende a
acentuar os sentimentos de insegurança por parte da sociedade em geral e contribuindo
para a criação de categorias e estereótipos que, por sua vez, estão na origem dos
processos de estigmatização e de discriminação social da pessoa com experiência de
doença mental (Jorge-Monteiro, 2006), estando por isso numa situação de
vulnerabilidade.
O presente estudo tem como objectivo compreender as representações sociais da doença
mental em Maputo (Moçambique), de profissionais de saúde, leigos, e curandeiros.
Foram realizadas vinte e cinco entrevistas individuais semi-estruturadas,
especificamente dez a curandeiros, nove a leigos e seis a profissionais de saúde. A
técnica da análise de conteúdo possibilitou identificar e organizar as explicações ligadas
ao conceito, às causas, ao tratamento, à evolução, às consequências da doença mental, e
propostas de intervenção percebidas como eficazes para a doença mental, dos três
grupos. Reflectimos sobre as relações entre as representações sociais e a percepção das
práticas relativas à doença mental. Verificou-se que as representações dos três grupos
encontram formadas num nó comum socialmente partilhado, no entanto, existindo
também algumas diferenças específicas intergrupos - e no caso dos leigos intragrupo,
com base no contexto de proveniência. E a partir destes resultados, reflectiu-se ainda
sobre as estratégias de conciliação de eventuais diferenças nas representações sociais e
das práticas relativas a doença mental.