Estimativas globais mostram que 30% das mulheres e raparigas já foram vítimas de violência física e/ou sexual. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2018), a Violência Contra a Mulher (VCM) praticada pelo parceiro íntimo (física, sexual ou psicológica) é a mais endémica e situa-se em 37%, e na maioria dos casos, tem sido a principal causa de morte de mulheresno mundo. A África Subsaariana apresenta uma das prevalências mais elevadas do mundo (33%), apenasatrás do Sul da Ásia, que detém uma prevalência de 35%, conforme a figura 1 abaixo. Nas regiões Austral e Oriental de África, a Violência Baseada no Género (VGB) é reconhecida como um entrave ao desenvolvimento integral da região, sobretudo as uniões prematuras e/ou forçadas e as mutilações genitais1, que afectam a saúde de mulheres jovens e raparigas, em particular sua saúde sexual e reprodutiva. Em Moçambique, o Inquérito Demográfico de Saúde (IDS, 2011) mostrou que a violência contra a mulher é endémica no país, de tal forma que uma em cada três mulheres (33%) tinha sido vítima de violência física aos 15 anos em algum momento de suas vidas no contexto doméstico. Outrossim, os resultados do Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/SIDA (IMASIDA, 2015) mostraram que aproximadamente 24% das mulheres2 acima de 15 anos entrevistadas admitiu ter sido vítima de violência física (18%), emocional (15%) e sexual