Ano de publicação: 2020
Teses e dissertações em Português apresentado à Universidade eduardo mondlane. Faculdade de medicina para obtenção do título de Mestre. Orientador: Munguambe, khátia
Introdução:
Actualmente, os antibióticos constituem a classe de medicamentos mais consumidos no mundo. Apesar dos ganhos que o uso prudente de antibióticos possa ter na saúde dos indivíduos, a sua dispensa descontrolada e não apropriada representa uma ameaça grave à saúde pública, estando associada às taxas, cada vez crescentes, de resistência aos mesmos. Em Moçambique, informação sistemática relativa à dispensa de antibióticos é escassa.
Objectivo:
Analisar o conhecimento, as atitudes e os factores contextuais que orientam a prática de dispensa de antibióticos pelos provedores formais e informais que operam no distrito de Manhiça. Material e métodos:
Foi conduzido um estudo com uma abordagem qualitativa, do tipo fenomenológico. A recolha de dados foi feita no distrito de Manhiça, no Sul de Moçambique. Foram realizadas 16 entrevistas em profundidade com provedores de antibióticos formais e informais. Todas as entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas e analisadas seguindo uma combinação de análise de conteúdo e temática, à luz da Teoria da Construção Social da Realidade de Berger e Luckmann.
Resultados:
Participaram no estudo 12 provedores formais (técnicos de farmácia e agentes polivalentes elementares (APEs) e quatro provedores informais (vendedores nas residências e ambulantes). Os técnicos de farmácia mostraram um conhecimento básico tanto sobre antibióticos e resistência antibiótica alinhado com a perspectiva biomédica, como a consciencialização em relação a parte dass normas de dispensa de antibióticos. As formações profissionais, os formulários nacionais de medicamentos e a internet são, segundo os técnicos de farmácia, as suas principais fontes de informação sobre os antibióticos. Os provedores de antibióticos informais e APEs demonstraram um conhecimento limitado em relação aos antibióticos, à resistência aos antibióticos e à norma de dispensa de antibióticos, sendo a consulta aos provedores de saúde formais apontada como o meio de obtenção de orientações sobre a sua conduta clínica. Em relação às práticas reportadas de dispensa de antibióticos pelos diferentes tipos de provedores, verificou-se que todos os provedores verificam a validade dos antibióticos e providenciam informação oral ou escrita antes de dispensarem antibióticos. A maioria dos provedores de antibióticos (APEs, informais) relatou que questiona sobre a história clínica dos utentes, observa os sinais/sintomas dos utentes e dispensa antibióticos para casos de tosse banal e gripe...
Introduction:
Antibiotics are currently the most consumed class of drugs in the world. Despite the gains that the prudent use of antibiotics can have in the individual health, their uncontrolled and inappropriate dispensing represents a serious threat to public health and is associated with the increasing rates of resistance. In Mozambique, systematic information on antibiotic dispensation is scarce.
Objective:
To analyse the knowledge, attitudes and contextual factors that guide the practice of antibiotic dispensing by formal and informal providers operating in Manhiça district. Material and methods:
A qualitative study with a phenomenological approach was performed. Data collection was conducted in Manhiça, a district of Southern Mozambique. Sixteen in-depth interviews were conducted with formal and informal antibiotic providers. All interviews were recorded, transcribed, and analysed following a combination of content and thematic analysis based on the Social Construction of Reality Theory of Berger and e Luckmann.
Results:
Twelve formal providers (pharmacy technicians and community health workers (APEs) and four informal providers (home seller and ambulant drug seller) participated in the study. The pharmacy technicians revealed a basic knowledge of both antibiotics and antibiotic resistance aligned with the biomedical perspective, as well as awareness of part of the country antibiotic dispensing regulations. Professional training, National Medicine Forms and the internet are the main source of information regarding antibiotics reported by the pharmacy technicians. Informal antibiotic providers and APES have shown limited knowledge about antibiotics, antibiotic resistance and the country regulations to dispense antibiotic. In addition, the formal health providers were pointed out by them as the means source of obtaining guidance on their clinical conduct. Regarding the reported antibiotic practices, according to the different types of providers in the study, it was found that all providers verify the expiration date of antibiotics and provide oral or written information before dispensing antibiotics. The majority of antibiotic providers (APEs, informal providers) reported questioning the clinical history, observe the signs/symptoms of users and dispense antibiotics for common cough and flu…