Triangulação da qualidade dos dados em mortes materna e neonatais
Triagunlation of data quality in maternal and neonatal deaths

Ano de publicação: 2021

A mortalidade materna é uma preocupação mundial que levou as Nações Unidas a definir a meta para a sua redução nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (Redução da Mortalidade Materna em 3/4 em relação a 1990 e 2015) (WHO 2015), e reforçado nos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (redução até 70 mortes maternas por 100.000 nascimentos vivos, em 2030). Do mesmo modo, a mortalidade neonatal representa uma preocupação global, considerando que a mesma contribui para cerca 40 % das mortes em crianças menores de 5 anos (Burstein et al., 2019). Em 2017, 47% de todas as mortes de menores de 5 anos de idade ocorreram no período neonatal, com cerca de um terço morrendo no dia do nascimento e quase três quartos morrendo na primeira semana de vida (Burstein et al. 2019). A redução da mortalidade materna e neonatal continua sendo um dos desafios, apesar de grandes avanços científicos e tecnológicos nas áreas de saúde Materna e Neonatal. Graças a esse desenvolvimento, tornou-se inadmissível que o processo da reprodução cause danos à saúde das mulheres, podendo levá-las à morte (WHO 2015). No entanto, medir o progresso ao longo deste período tem sido difícil, principalmente por causa da escassez de dados de qualidade fiável (Kassebaum et al. 2016). O mesmo foi enfrentado para a medição da Redução da Mortalidade Neonatal (R. Burstein et al., 2017). Embora o número de mortes neonatais em todo mundo tenha reduzido de 60% em 1990 para 38% em 1000 nascidos vivos em 2019. A sobrevivência além do primeiro mês de vida ainda é um desafio em muitos países com poucos recursos (Carlo et al. 2010). As reduções observadas nas mortes neonatais também não acompanharam as reduções na mortalidade infantil geral, o que significa que os recém-nascidos representam uma proporção crescente de mortes em crianças menores de 5 anos de idade (Bhutta et al. 2010),onde a mortalidade no primeiro mês de vida contribuiu em 40% do total de mortes de crianças menores de 5 anos de idade (Lawn et al. 2014). No mundo, estima-se que uma média de 250 bebés nascem por dia equivalente a cerca de 130 milhões de nados por ano, onde 13 milhões nascem antes de completarem as 37 semanas de gestação, principalmente nos países em desenvolvimento, destes, 2.9 milhões morrem nosprimeiros 28 dias de vida sendo que mais de um quarto nas primeiras 24 horas e três quartos na primeira semana (Lawn et al. 2014) (Estimation 2019). A maioria destas mortes pode ser evitada com intervenções de alta qualidade baseadas em evidências realizadas antes e durante a gravidez. Durante e após o parto as primeiras horas de dias são cruciais (Estimation, 2019). Em Moçambique até 2015, apesar do substancial investimento para melhoria da saúde da mulher e da criança, a morbimortalidade materno-neonatal não atingiu o preconizado nos objectivos do Millennium relacionados à saúde materna e da criança (IDS 2011). Em Moçambique a mortalidade materna e neonatal mantém-se alta, estimada em 451.6 mortes de mulheres/1000 nados vivos (Censo 2017) e de 30/1000 nados vivos (African et al. 2018). Além disso, de acordo com os dados do sistema de informação do sector da saúde, a mortalidade neonatal precoce, intra-hospitalar, corresponde a 1/3 de todas as mortes intra-hospitalares em Moçambique. Os desafios de melhoria de indicadores de morbimortalidade materna e neonatal concentram-se desproporcionalmente nas zonas rurais de Moçambique (Censo 2017). Os dados produzidos pelo sistema de informação em saúde no geral são amplamente utilizados para responder às diferentes necessidades que incluem a planificação, o acompanhamento do desempenho e avaliação de programas, definição de políticas com vista à melhoria da qualidade da prestação de serviços. Por isso, é essencial ter dados disponíveis de alta qualidade sobre o desempenho no sector da saúde, de forma rotineira

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