GUIÃO OPERACIONAL DO TRATAMENTO DA DESNUTRIÇÃO AGUDA NA COMUNIDADE
OPERATIONAL GUIDE FOR THE TREATMENT OF ACUTE MALNUTRITION IN THE COMMUNITY
Ano de publicação: 2022
Segundo dados do IDS (2011), a desnutrição aguda afecta 6% das crianças menores de 5 anos
em Moçambique. Ela pode ser resultante de um deficiente consumo alimentar e/ou aparecimento
de uma doença num passado recente, resultando na perda de peso num período recente e/ou
aparecimento do edema bilateral1.
De forma a assegurar o eficiente tratamento e reabilitação dos casos da desnutrição aguda
moderada e grave, o Ministério da Saúde estabeleceu em 2010 o Programa de Reabilitação
Nutricional (PRN) cujos objectivos são: Contribuir para a redução das taxas de desnutrição no País;
Reduzir a mortalidade das crianças menores de 5 anos por desnutrição aguda grave; e Aumentar
a cobertura do tratamento da desnutrição aguda. Este programa inclui cinco componentes,
dentre elas o Envolvimento Comunitário; o Tratamento da Desnutrição no Internamento (TDI);
o Tratamento da Desnutrição em Ambulatório (TDA); a Suplementação Alimentar; e a Educação
Nutricional e Demonstrações Culinárias.
A componente do envolvimento comunitário considera-se uma das mais importantes para o
sucesso dos programas, pois é nela que se efectua a prevenção dos casos, identificação precoce,
referência dos casos para a Unidade Sanitária (US), e seguimento do tratamento na comunidade.
Contudo, tem-se observado que desde a implementação do PRN a componente do envolvimento
comunitário não tem sido efectiva, justificada pela falta de um actor comunitário em algumas
comunidades para efectuar essa actividade, ou caso exista, sobrecarga do mesmo com
actividades de vários outros programas do sector saúde para além da Nutrição, e também pela
fraca consolidação da ligação US - comunidade. Essa situação tem contribuído para o aumento
nas U.S. dos casos de desnutrição aguda grave e, uma maior probabilidade da criança morrer
devido às complicações clínicas, o que acarreta mais custos para o sector saúde.
Novas evidências sugerem que maior número de crianças com desnutrição aguda podem ser
tratadas na comunidade sem que sejam admitidas para a Unidade Sanitária (US) para o tratamento
em internamento ou em ambulatório num Centro de Reabilitação Nutricional hospitalar,
aumentando deste modo a cobertura, o acesso e o tratamento precoce da desnutrição aguda e
reduzindo a taxa de morbi-mortalidade em crianças menores de 5 anos.
Para reverter este cenário, em 2017 o Ministério da Saúde introduziu uma nova abordagem no
tratamento da desnutrição aguda na Comunidade (TDC), através de um maior envolvimento e
responsabilização dos Agentes Polivalentes Elementares (APES) e Activistas neste processo,
como forma de fortalecer a componente do Envolvimento Comunitário.