Fatores associados à mortalidade infantil em Moçambique, 1998 a 2003
Ano de publicação: 2010
Teses e dissertações em Português apresentado à Universidade Federal de Minas Gerais para obtenção do título de Mestre. Orientador: Machado, Carla Jorge
O presente trabalho analisa a associação entre os segmentos da mortalidade
infantil (neonatal e pós-neonatal) e fatores selecionados. Foi utilizada a base de
dados do Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS 2003) de Moçambique. Foram
analisados casos de 9.849 nascidos vivos com datas de nascimento entre Agosto
de 1998 e Julho de 2003. Primeiramente foi feita a análise univariada, que
permitiu selecionar as variáveis elegíveis para os modelos multivariados em
ambas as componentes (neonatal e pós-neonatal). Em seguida procedeu-se à
construção de modelos multivariados. Obtiveram-se, no total, sete modelos para a
componente neonatal e oito modelos para a pós-neonatal. Os resultados apontam
que, no segmento neonatal, ser o filho primogênito, o pequeno tamanho da
criança ao nascer, anos de estudo da mãe igual a 4 anos ou menos, e região de
residência Norte foram associados à mortalidade neonatal. A idade materna
inferior a 20 anos ao nascimento da criança esteve associada apenas nos
primeiros três modelos (que incluem variáveis demográficas) e perdeu
significância com a inserção, nos demais modelos, de variáveis socioeconômicas
e de atenção à saúde. No período pós-neonatal, constatou-se que a menor idade
da mãe esteve associada à mortalidade pós-neonatal em todos os modelos. A
idade materna de 35 e mais anos e ter nascido com tamanho considerado grande
mostraram-se protetoras da mortalidade pós-neonatal e foram significativas em
todos os modelos. A menor escolaridade da mãe, ser o primeiro filho, menor
tamanho da criança ao nascer, região de residência (Norte e Centro) e parto
domiciliar foram estatisticamente associados à mortalidade pós-neonatal.
Concluiu-se que ainda é necessário uma melhor implementação dos programas
de saúde ligados à infância e priorizar grupos de mães e de recém-nascidos em
situação de maior risco para que Moçambique atinja os baixos níveis de
mortalidade infantil observados em outros países em desenvolvimento e
desenvolvidos
In this study a database of the Demographic and Health Survey (IDS 2003) for
Mozambique was used to study demographic, socioeconomic and health care
factors associated to neonatal and post-neonatal. The model of binary logistic
regression was applied to analyze 9,849 cases of live births between August 1998
and July 2003. First, univariate analysis was performed, which allowed selecting
variables that were eligible for multivariable models in both components (neonatal
and post neonatal). Then, we built multivariate models. Seven models for neonatal
and eight models for post-neonatal period were built. The results showed that
being the oldest son, having small size at birth, having a mother with less than 4
years of schooling, and having a mother living in the North region were
independently associated with neonatal mortality. Lower maternal age (less than
20 years) at the child's birth lost significance after inclusion of socioeconomic and
health care variables in the model. For the post neonatal death, younger age of
mother (less than 20) were associated with post neonatal mortality in all models.
Maternal age of 35 or higher and big size at birth were found to be protective of
post neonatal mortality and the result remained significant in all models. The low
schooling level of the mother, small size at birth, being the oldest son, having a
mother living at North or Center region of the country and domiciliary birth were
statistically associated with post-neonatal mortality. In summary, the analysis
showed that a more efficient implementation of health programs related to children
and to give more attention to groups of mothers and newborns at increased risk for
infant mortality in Mozambique are key factors in order to reach lower levels of
mortality.